Citada em delações da Odebrecht, Arena da Amazônia custou R$ 669,5 milhões

A Arena da Amazônia, localizada na Zona Centro-Oeste de Manaus, é uma das obras que teriam sido superfaturadas segundo delatores da Odebrecht em depoimentos para a operação Lava Jato. Inicialmente, o estádio estava orçado em R$ 499 milhões e foi concluído por R$ 669,5 milhões – um aumento de 34{9028a083913d3589f23731fda815f82dd580307fd08b763e2905f04954bd625c} no valor. Em 2012, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou superfaturamento de R$ 86,5 milhões na construção.

O estádio, que teve obras coordenadas pela Andrade Gutierrez, está em funcionamento. Desde a sua inauguração, a arena recebeu mais de 60 jogos oficiais, entre elas, quatro partidas da Copa do Mundo em 2014 e seis da Olimpíada do Rio de Janeiro em 2016, além de jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol Masculino e Feminino, do Campeonato Amazonense de Futebol.

Também ocorreram no local shows de Ivete Sangalo, Festival Villa Mix e de artistas da música gospel, além de uma colação de grau com todos os cursos de uma faculdade particular de Manaus.

Em três anos de funcionamento, a Arena da Amazônia arrecadou um total de R$ 3.434.740,14 contra uma despesa de R$ 17.640.263,76, o que representa um prejuízo de R$ 14.205.523,62, de acordo com os balanços oficiais divulgados em 2014, 2015 e 2016.

De acordo com o globoesporte.com, quando o estádio começou a despontar como opção para grandes jogos da Série A e B, a CBF vetou a venda de mando de campo para os clubes destas divisões – que só poderão jogar a partir de agora em seus estados de origem.

Delação

Em delação à Justiça, o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Barbosa da Silva Júnior, conhecido como BJ, relatou a existência de um acordo entre a construtora e outra empresa do segmento, como a Andrade Gutierrez, para frustrar a concorrência na licitação da Arena da Amazônia, iniciada em novembro de 2010, durante o governo de Omar Aziz (PSD).

O depoimento número nove de BJ consta na petição 6.709. No documento, o ex-funcionário da Odebrecht afirma que a Andrade Gutierrez sabia que a outra construtora não tinha interesse na construção de estádios mediante contratação pública, à exceção do Maracanã, no Rio de Janeiro.

BJ afirma ter sido procurado por um representante da Andrade Gutierrez, que pediu uma proposta de cobertura da Arena da Amazônia. Benedicto confirmou ainda ter autorizado um executivo da empresa a providenciar a apresentação da proposta de cobertura do estádio. Essa proposta teve auxílio de informações prestadas por outro colaborador da Andrade Gutierrez.

O ministro e relator da Operação Lava Jato, Luiz Edson Fachin, apontou incompetência do Supremo Tribunal Federal (STF) para essa investigação, e encaminhou a delação de Benedicto para a Procuradoria-Geral da República no Amazonas.

Em nota, a Andrade Gutierrez informou que “segue colaborando com as investigações em curso dentro do acordo de leniência firmado pela empresa com o Ministério Público Federal e reforça seu compromisso público de esclarecer e corrigir todos os fatos irregulares ocorridos no passado”.

A Odebrecht também citou o acordo de leniência, e disse entender “que é de responsabilidade da Justiça a avaliação de relatos específicos feitos pelos seus executivos e ex-executivos”. “A empresa está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, (…) e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas”, finaliza o comunicado.