Rio – O ex-governador Sérgio Cabral (MDB) revelou ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, nesta sexta-feira, que o esquema de corrupção envolvendo a Fetranspor irriga membros do Executivo e do Legislativo desde o governo de Wellington Moreira Franco, entre os anos de 1987 e 1991.
Segundo Cabral, a propina também beneficiou os ex-governadores Marcello Alencar, Leonel Brizola, Anthony Garotinho (PRP), ele próprio e Luiz Fernando Pezão (MDB), além do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM).
As propinas arrecadadas no esquema Cabral teriam chegado a R$ 144 milhões, envolvendo membros do Legislativo e do Judiciário. O ex-governador revelou ainda que foi achacado por ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), senadores e deputados federais. “Devia ter dito não”, comentou.
Cabral apontou que o deputado federal Aécio Neves (PSDB) recebeu R$ 1,5 milhão na campanha de 2014 para a Presidência da República, na ocasião em que foi ultrapassado nas pesquisas por Marina Silva (Rede). O ex-governador também informou que o deputado estadual Jorge Picciani (MDB) chegava a receber R$ 1 milhão para administrar a caixinha da Fetranspor na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
O ex-governador voltou a citar o ministro do STJ Marco Aurélio Bellizze. Cabral contou que foi pessoalmente pedir à então presidente Dilma Rousseff (PT) para que ela nomeasse Marco Aurélio em detrimento de Rodrigo Cândido de Oliveira, sócio da mulher de Cabral, Adriana Ancelmo. É a segunda vez que Cabral cita o ministro do STJ Marco Aurélio Bellizze. “O STJ é um tribunal geograficamente político. Cumpri esse papelão com a presidente Dilma”, destacou.
Eduardo Paes e FGV foram citados
Cabral afirmou também que a Fundação Getúlio Vargas (FGV) fazia estudos de acordo com os interesses das empreiteiras e do governo, e que estes usavam a instituição “como um biombo”.
Segundo o depoimento, Eduardo Paes teria recebido R$ 6 milhões do esquema da Fetranspor na eleição de 2008, quando disputava com Fernando Gabeira (Verde). “A corrupção é uma praga. É a teoria da janela quebrada”, acrescentou Cabral. Ele voltou a dizer ainda que o procurador-geral do Estado, Régis Fichtner, era beneficiado pelo esquema de propina.
O depoimento foi concedido a pedido do próprio Cabral. Ele já havia sido chamado duas vezes para depor, mas em uma pediu para não comparecer e ficou calado na segunda ocasião.
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