CPI da Covid: Planalto prepara armas para enfrentar depoimentos de ex-ministros

Executivo tenta municiar senadores governistas da CPI da Covid para os depoimentos dos ex-ministros Ernesto Araújo e Eduardo Pazuello, que preocupam o presidente Jair Bolsonaro. Ataques à China, erros na compra de vacinas e indicação de cloroquina estão no foco do colegiado

Assessores do Palácio do Planalto passaram o fim de semana compilando informações para dar subsídio aos quatro senadores da CPI da Covid que atuam na linha de frente de defesa do governo. A finalidade é municiá-los para dois depoimentos que preocupam o presidente Jair Bolsonaro: do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, que ocorre hoje, e do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, marcado para amanhã e que causa mais apreensão.

Os senadores que atuam na linha de frente do governo são Ciro Nogueira (PP-PI), Marcos Rogério (DEM-RO), Jorginho Mello (PL-SC) e Eduardo Girão (Podemos-CE). A estratégia é tentar tirar o foco do governo federal e passar para os estados e municípios. Na última quinta-feira, por exemplo, Girão tentou convocar a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, responsável por investigações envolvendo os governadores. O procurador-geral, Augusto Aras, interveio, e o parlamentar não obteve sucesso. Também não conseguiu convencer os colegas a convocar o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, para falar sobre apurações envolvendo os governos estaduais.

Essa estratégia vai se estender até para as narrativas. Pazuello será amplamente questionado sobre as orientações do Ministério da Saúde para uso de cloroquina no chamado “tratamento precoce” em pacientes com covid-19. Os parlamentares da base tentaram remeter para os gestores estaduais e municipais a responsabilidade sobre a distribuição e uso do medicamento, como fica claro em declarações de Marcos Rogério.