Notícia-crime contra Bolsonaro por prevaricação será arquivada

DF - PGR/SUCESSÃO/AUGUSTO ARAS/ARQUIVO - POLÍTICA - Foto de arquivo de 08/05/2019 do então subprocurador-geral Augusto Aras, de 60 anos, durante entrevista em seu gabinete em Brasília. Indicado nesta quinta-feira, 5 de setembro de 2019, pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, para comandar a Procuradoria-Geral da República, Aras é considerado o candidato que melhor soube ler os sinais presidenciais sobre os requisitos para a nomeação ao cargo. Apesar da proximidade com políticos ligados ao PT, a ponto de quase ter sido indicado ao Supremo Tribunal Federal pela então presidente Dilma Rousseff, Aras demonstrou a Bolsonaro, em uma série de encontros no Palácio da Alvorada, que era conservador e alinhado às suas ideias. 08/05/2019 - Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Sem marca de vacina na cueca, Augusto Aras, procurador-geral da República, salvará o presidente mais uma vez

Dará em nada a notícia-crime apresentada por um grupo de senadores ao Supremo Tribunal Federal contra o presidente Jair Bolsonaro por crime de prevaricação, no caso da compra superfaturada de 60 milhões de doses da vacina indiana Covaxin. É o que admitem ministros do próprio tribunal.

Ao ser alertado em março último pelos irmãos Miranda de que houve mutreta no negócio, Bolsonaro prometeu acionar a Polícia Federal para que investigasse tudo para descobrir os culpados, mas não o fez. Quer dizer: prevaricou. A ministra Rosa Weber foi sorteada para relatar a notícia-crime.

De pronto, ela determinou que a Procuradoria-Geral da República se manifeste a respeito, uma vez que há “grave suspeita” de indícios de favorecimento e obtenção de vantagens no processo de compra do imunizante. E aqui está o nó: se a Procuradoria não concordar com a ministra, a notícia-crime irá para o lixo.

A última palavra cabe à Procuradoria. E ela há dois anos é comandada pelo procurador Augusto Aras (foto em destaque), fiel servidor de Bolsonaro, e que dele depende para realizar o sonho de sua vida – ser nomeado ministro do Supremo. Haverá por lá uma vaga este ano, e no próximo, mais uma.

Bolsonaro poderá até não se reeleger presidente, mas contará no Supremo com uma bancada de três ministros indicados por ele. Para defender-se em futuros processos, nada melhor. Por enquanto, no Supremo, Bolsonaro só tem como aliado certo o ministro Kássio Nunes Marques, que nunca lhe nega o voto.

O ex-juiz Sergio Moro saiu do governo acusando Bolsonaro de tentar intervir na Polícia Federal. O então ministro Celso de Mello provocou Aras para que abrisse um inquérito. Aras abriu, mas não só para investigar Bolsonaro, Moro também. Mais tarde, arquivou o inquérito “por falta de provas”. É o que fará novamente.

A notícia-crime é mais um fato que desgasta publicamente a imagem do presidente, assim como o pedido de prorrogação por mais de 90 dias do prazo de validade da CPI da Covid. Como tal, provocará resultados.