O cantor e ex-deputado federal pelo PRB-SP Sérgio Reis está mobilizado na defesa do governo Bolsonaro e teve um vídeo divulgado nas redes sociais convocando caminhoneiros para um cerco a Brasília no feriado da Independência. Em áudio que circula desde o fim de semana, o tom é mais ameaçador: “Vou dizer ao presidente do Senado que eles têm 72 horas para aprovar o voto impresso e tirar todos os ministros do STF. Isso não é um pedido, é uma ordem”, diz o cantor.
Por causa desse áudio, foi aberto um inquérito no Departamento de Combate à Corrupção (Decor).
A previsão é de que o cantor seja intimado a depor nos próximos dias, antes do início de setembro, quando ele estaria promovendo a mobilização com caminhoneiros e empresários do setor da soja – ainda segundo o áudio que circula pesadamente nas redes sociais bolsonaristas. Reis será investigado por suposta associação criminosa voltada à prática dos crimes previstos nos artigos 129 (ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem), 147 (ameaçar alguém, por palavra, escrita ou gesto), 163 (dano ao patrimônio) e 262 (expor a perigo meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento) do Código Penal.
A esposa do cantor, Ângela Bavini, disse em entrevista à colunista Mônica Bérgamo, da Folha de S.Paulo, que o cantor “está muito triste e depressivo porque foi mal interpretado. Está magoado demais”.
Ainda segundo Bavini, “Sérgio foi induzido por pessoas que dizem estar em um movimento tranquilo. No fim, todo mundo vaza [desaparece], e sobra para ele, que é uma celebridade”. Sobre o áudio, ela disse que Reis “falou no impulso, mas estava conversando com um amigo” e não queria que o teor fosse divulgado.
A ameaça foi ecoada pelo jornalista e influenciador Oswaldo Eustáquio. Em vídeo publicado nas redes sociais, ele também dá “prazo de 72 horas para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cumpra a lei, coloque em pauta pedidos de impeachment de Moraes e Barroso”. Segundo ele, “caso contrário, vamos parar o Brasil. Não há outro caminho, senão, fazermos valer o artigo 1 da Constituição, que diz que todo poder emana do povo”.
Eustáquio, que esteve preso por descumprir ordens de Moraes em inquérito que corre no Supremo, recentemente se filiou ao PTB, presidido por Roberto Jefferson, que está preso.