Bolsonaristas “pró-liberdade de expressão” moveram 54 ações de censura

Jair Bolsonaro fez evento oficial no Planalto por “liberdade de expressão” com deputados que pediram censura judicial

Deputados bolsonaristas que foram há duas semanas ao Planalto defender a liberdade de expressão do colega Daniel Silveira, condenado pelo STF por ataques antidemocráticos, já acionaram a Justiça pelo menos 20 vezes para remover conteúdos publicados sobre eles, ou seja, em tentativas de censura judicial. Quando era deputado, até 2018, Jair Bolsonaro apresentou outros 34 processos judiciais com esse objetivo.

No último dia 27, o Planalto batizou de “ato cívico pela liberdade de expressão” um evento oficial com ataques às eleições e ao STF. O principal homenageado foi o bolsonarista Daniel Silveira, que posou com Bolsonaro segurando o indulto presidencial em seu benefício.

Seis deputados que participaram da cerimônia moveram 20 processos contra veículos de imprensa ou plataformas de redes sociais para retirar do ar conteúdos jornalísticos. Todos são correligionários de Bolsonaro no PL, à exceção de Daniel Silveira, filiado ao PTB.

A campeã é a deputada Bia Kicis, autora de seis processos. Carla Zambelli e Eder Mauro apresentaram quatro ações cada; Marco Feliciano, três; Capitão Alberto Neto, duas; e Daniel Silveira, uma.

Os processos em busca de censura judicial miraram em veículos de imprensa 13 vezes. O Google foi alvo de duas ações, a exemplo do Facebook. O Twitter, por sua vez, foi processado uma vez.

Anfitrião do ato no Planalto por “liberdade”, Jair Bolsonaro buscou censura judicial 34 vezes até 2018, quando era deputado federal.

Os dados são da plataforma CTRL+X, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que monitora ações judiciais de retirada de informações feitas desde 2002.