Domingos Sávio (PL-MG) é autor da emenda à Constituição que autoriza Congresso a revisar decisões do STF não unânimes
O deputado Domingos Sávio (PL-MG) é um exemplo do que virou o PSDB, uma legenda inexpressiva e sem peso na política nacional. A bancada tucana na Câmara é apenas a nona maior, com 20 deputados.
Para um partido que comandou o país duas vezes e chegou três vezes a um segundo turno, derrotado para o PT, a legenda mingou. Pela primeira vez, desde a redemocratização, o PSDB não terá candidato próprio a presidente.
Domingos Sávio ganhou o noticiário ontem ao despontar como o autor da proposta de emenda constitucional que autoriza o Congresso a revisar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que não tenham sido unânimes. Se referindo a si na terceira pessoa, ele foi as redes buscar explicar:
“Toda e qualquer decisão de todos os demais poderes da República em todas as instâncias cabe recursos, ficando apenas o Supremo Tribunal Federal imune a qualquer possibilidade de revisão” – justificou Sávio, no que batizou de “PEC do Equilíbrio dos Poderes”. Nos corredores da Câmara, ganhou outro nome: “PEC do Absurdo”.
Voltando à biografia política de Sávio. Um terço dos deputados tucanos do início da legislatura seguiram para partidos da base do governo Bolsonaro. Sávio foi além, virou um bolsonarista de carteirinha, de raiz, como se diz. Afrontar o STF é ganhar pontos com Bolsonaro.
Até se filiar ao PL de Bolsonaro, em abril deste ano, ele construiu sua carreira política no PSDB mineiro, sob o comando de Aécio Neves. Foram quase 30 anos no partido, de vereador e prefeito de Divinópolis a vários mandatos de deputado estadual e federal.
Até 01 de abril deste ano, ele era vice-líder do PSDB na Câmara. Apenas três dias depois, dia 04, seu nome aparecia como vice-líder na legenda do presidente da República.
A ida de Sávio para o PL nem surpreendeu quem acompanhava seus últimos passos no PSDB. Já tinha aderido e votado com o governo. Participava de encontros com Bolsonaro e seus ministros. E boa parte dessa aproximação fazia questão de publicizar nas suas redes sociais.
Não há ali só fotos com Bolsonaro ou com o ex-ministro Milton Ribeiro, da Educação, por exemplo. Há registro de benesses que ele levou para cidades mineiras de seu reduto eleitoral, como entrega de vans e ônibus de transporte escolar, carros para conselhos tutelares, uma motoniveladora (Patrol) e celebra, ao lado de Bolsonaro, em setembro do ano passado, destinação de recursos para o metrô de Belo Horizonte.
