Carla Zambelli (PL-SP), deputada federal condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão, mobilizou suas redes sociais antes de deixar o Brasil e arrecadou mais de R$ 166 mil em doações via Pix. O montante, segundo ela, seria destinado ao pagamento de multas judiciais em processos onde foi condenada, incluindo a obrigação de indenizar R$ 2 milhões por danos morais coletivos.
“Essa é uma batalha por todos nós”, escreveu Zambelli aos seus seguidores, afirmando ter feito o pedido com “coração apertado” e “coragem para enfrentar tudo de cabeça erguida”. A deputada também destacou que não possui condições financeiras de arcar sozinha com todas as multas, algumas já em fase de execução antecipada.
Além da condenação no STF, Zambelli revelou ser alvo de mais de 20 processos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a maioria relacionada à disseminação de fake news. “Semana passada, paguei uma multa de R$ 44 mil. Meu pai teve que vender o carro para me ajudar”, relatou, em tom emotivo.
🔴 Esquema de invasão ao CNJ e participação direta de Zambelli
A condenação mais recente, aprovada por unanimidade pela Primeira Turma do STF, refere-se ao escândalo de invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em janeiro de 2023. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli foi a autora intelectual da ação criminosa, que resultou na emissão de um mandado de prisão forjado contra o ministro Alexandre de Moraes.
De acordo com as investigações da Polícia Federal, o ataque cibernético foi executado por Walter Delgatti Neto — o hacker confessou ter agido sob a orientação direta de Zambelli, que enviou o texto da ordem falsa e realizou pagamentos de, pelo menos, R$ 13,5 mil ao criminoso.
A PF revelou ainda que Delgatti utilizou credenciais falsas para acessar os bancos de dados do Judiciário, prática que culminou na divulgação do mandado apócrifo que pedia a prisão de Moraes, com o trecho irônico: “Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L”.
🛑 Zambelli fora do país: fuga ou tratamento?

Após a condenação, a parlamentar anunciou publicamente que deixou o Brasil, alegando motivos de saúde. Disse ainda que pedirá licença do mandato e que não está “abandonando” o país, mas sim “resistindo” e “continuando a falar o que pensa”.
Agora, com a Procuradoria-Geral da República preparando um pedido de prisão preventiva, o Supremo Tribunal Federal deverá decidir os próximos passos. A fuga da deputada e sua tentativa de levantar recursos por meio de doações reforçam o debate sobre accountability, ética pública e as consequências jurídicas para quem tenta burlar as decisões da Justiça.