Editorial: Aliados Políticos: Parceria, Não Subserviência

Arte: Blog do Pávulo

Em tempos de polarização e disputas intensas, a figura do aliado político ganha relevância. Contudo, é preciso diferenciar aliança de subserviência. O aliado verdadeiro é aquele que caminha junto, com autonomia e visão crítica, não aquele que se curva a toda decisão do líder, mesmo que ela contrarie princípios ou compromissos firmados com a população.

A política democrática exige cooperação entre diferentes forças. Alianças são construídas com base em objetivos comuns, diálogo e respeito mútuo. Quando um aliado se torna apenas um repetidor de discursos ou um defensor cego de todas as ações de seu parceiro político, abre-se espaço para o autoritarismo e o esvaziamento do debate público.

Subserviência, nesse contexto, enfraquece a democracia. Ao invés de contribuir para decisões melhores, anula a diversidade de opiniões e coloca o projeto coletivo em risco. Um aliado que não questiona, que não apresenta contrapontos, não é um parceiro — é um satélite.

Por isso, é necessário valorizar o papel dos aliados autênticos, que apoiam, mas também criticam quando necessário. Que dizem “sim” ao que é justo e “não” ao que desvia do caminho ético ou do interesse público. A lealdade política não deve ser confundida com obediência cega. O verdadeiro compromisso é com a população, não com vaidades ou interesses pessoais.

A política precisa de aliados fortes, com voz própria, capazes de construir juntos sem perder sua identidade. Porque aliança que exige submissão não é aliança — é dominação.

Por JG