🔥 Desmatamento avança na Amazônia e governo alerta para áreas em colapso ecológico

Incêndio na amazônia, na Estação Ecológica Soldado da Borracha, em Rondônia - Lalo de Almeida - 4.set.2024/ Reprodução

Enquanto o Pantanal e o Cerrado registram recuo, a floresta amazônica enfrenta novo salto na destruição e preocupa autoridades ambientais

O desmatamento na Amazônia voltou a crescer de forma alarmante em maio de 2025, reacendendo o sinal de alerta no governo federal. Dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revelam que a floresta perdeu 960 km² em apenas um mês — quase o dobro do mesmo período em 2024, quando foram registrados 500 km², representando um aumento de 92%.

Este é o segundo mês consecutivo em que os alertas de devastação superam os do ano anterior, o que acende preocupações sérias diante da proximidade da nova temporada de queimadas. Em abril, o crescimento já havia sido de 55%, sinalizando uma possível mudança estrutural no padrão de destruição.

🌡️ Emergência climática acelera colapso florestal

Segundo autoridades do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Ciência e Tecnologia, a mudança climática e a sequência de secas históricas (registradas em 2005, 2010, 2015, 2016, 2023 e 2024) alteraram o perfil da degradação amazônica.

“Não falamos de colapso do bioma como um todo, mas de áreas específicas que deixaram de ter função ecológica após sucessivos incêndios”, explica João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente.

De acordo com Cláudio Almeida, pesquisador do Inpe, o colapso ocorre quando uma região sofre queimadas frequentes a ponto de perder sua biodiversidade, estoque de carbono e função ecológica — deixando de ser, de fato, uma floresta.

Um exemplo citado por Almeida envolve uma área com mais de 10 mil hectares, monitorada desde 2016, que passou anos sob alerta constante de desmatamento e queimadas até perder completamente sua estrutura florestal.

🌧️ Pela 1ª vez, fogo supera derrubada na destruição amazônica

Em um dado inédito, o desmatamento por incêndio superou o chamado corte raso (derrubada direta da floresta) pela primeira vez desde que há registro.

Segundo Capobianco, 51% dos alertas do Deter em 2025 correspondem à floresta queimada a ponto de colapsar ecologicamente, contra 48% da derrubada tradicional. Em 2024, esses números estavam em 21% e 76%, respectivamente.

“Isso representa uma mudança radical na trajetória histórica da destruição da Amazônia. Até pouco tempo, acreditava-se que a floresta tropical úmida não sofreria impactos tão severos quanto os biomas temperados. Hoje, vemos uma realidade dramática se instalar no Brasil”, afirma o secretário.

⚠️ Impactos ecológicos e climáticos

De acordo com Osvaldo Moraes, diretor do Ministério da Ciência e Tecnologia, a nova dinâmica da devastação pode comprometer a biodiversidade, a capacidade de absorção de carbono e o funcionamento da rede hídrica da região.

“É algo que deve nos alarmar. E não há dúvidas: essa seca extrema não é obra de fenômenos naturais, mas sim de ações humanas e efeitos acumulados da crise climática global”, diz Moraes.

Entre agosto de 2024 e maio de 2025, a Amazônia perdeu 3.502 km² de floresta, um aumento de 9,1% em relação ao mesmo intervalo anterior (3.186 km²).

🌱 Pantanal e Cerrado mostram sinais de recuperação

Apesar do cenário crítico na Amazônia, há notícias mais positivas em outros biomas. O Pantanal apresentou uma queda expressiva nas queimadas em 2025: nos últimos três meses, menos de 10 km² foram afetados. Em maio, a redução foi de impressionantes 99% em relação a 2024.

O Cerrado também mostrou recuo. Embora tenha registrado crescimento nos alertas em abril (de 547 km² para 690 km²), em maio houve uma redução de 15% (de 1.040 km² para 885 km²). No acumulado do período entre agosto e maio, a queda chegou a 22%, passando de 5.908 km² para 4.583 km².

🌍 Desafios futuros para a Amazônia e o clima global

O avanço do desmatamento por queimadas, associado ao colapso ecológico de áreas florestais, reforça os desafios enfrentados pelo Brasil no combate às mudanças climáticas.

Com a floresta perdendo sua capacidade natural de regeneração, o país entra em um novo capítulo da crise ambiental — um cenário que exige políticas públicas urgentes, monitoramento reforçado e ações concretas para frear a degradação de um dos ecossistemas mais importantes do mundo.