Bolsonaro e aliados enfrentam STF em série de interrogatórios sobre tentativa de golpe: entenda os pontos-chave

Jair Bolsonaro, Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres, Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier Santos e Paulo Sérgio Nogueira — Foto: Reprodução

A semana começou tensa no Supremo Tribunal Federal (STF). A partir desta segunda-feira (9), oito réus envolvidos na tentativa de golpe de Estado — incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro — começaram a ser interrogados pela Corte. Entre os acusados estão nomes de peso da antiga cúpula do governo, como generais, ex-ministros e o delator Mauro Cid, que será o primeiro a prestar depoimento.

Os interrogatórios ocorrem no processo mais avançado relacionado ao suposto plano golpista denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), e são conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

Além de Moraes, participam da audiência o procurador-geral Paulo Gonet e os advogados de defesa. O STF também reforçou a segurança do prédio para receber os réus, que se apresentarão em ordem alfabética até sexta-feira (13).

O que diz a denúncia?

Segundo a denúncia apresentada pela PGR em março, Bolsonaro teria liderado uma organização criminosa para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A trama contaria com apoio de aliados civis e militares, incluindo Mauro Cid e o ex-ministro Braga Netto, apontado como articulador do plano ao lado de Bolsonaro.

Depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas reforçam a acusação de que o ex-presidente discutiu pessoalmente a chamada minuta do golpe, que previa medidas inconstitucionais para reverter o resultado das eleições de 2022.

Quem são os réus no STF?

Os oito acusados fazem parte do chamado “núcleo central” do suposto plano de ruptura institucional. São eles:

  • Mauro Cid – delator e ex-ajudante de ordens da Presidência

  • Alexandre Ramagem – deputado federal e ex-diretor da Abin

  • Almir Garnier Santos – ex-comandante da Marinha

  • Anderson Torres – ex-ministro da Justiça

  • General Augusto Heleno – ex-ministro do GSI

  • Jair Bolsonaro – ex-presidente da República

  • Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa

  • Walter Braga Netto – ex-ministro da Casa Civil (ouvido por videoconferência)

Como funcionam os interrogatórios?

Os depoimentos seguem o modelo da legislação penal: o colaborador Mauro Cid será ouvido primeiro, garantindo aos demais o direito à ampla defesa. Após ele, os acusados prestam depoimento por ordem alfabética.

Bolsonaro deve ser interrogado entre terça-feira (10) e quarta-feira (11), a depender da duração dos depoimentos. Todos os réus permanecem na sala até serem ouvidos, mas podem ser dispensados depois disso.

A audiência ocorre na sala da Primeira Turma do STF, adaptada para o julgamento. O ambiente remete ao de um tribunal do júri, com estrutura reforçada para garantir segurança e sigilo dos trabalhos.

De que crimes os acusados são réus?

Os crimes listados na denúncia são graves e atingem o coração do Estado Democrático de Direito:

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito

  • Golpe de Estado

  • Organização criminosa

  • Dano qualificado

  • Deterioração de patrimônio tombado

No caso de Ramagem, parte das acusações foi suspensa pela Câmara dos Deputados, e ele responde apenas por três desses crimes nesta etapa.

Todos os acusados têm direito constitucional ao silêncio e podem se recusar a responder às perguntas — estratégia comum em casos penais de alta complexidade.