
Pela primeira vez desde outubro do ano passado, o dólar comercial encerrou o dia abaixo de R$ 5,50. A moeda americana recuou 0,96% nesta segunda-feira (16) e foi cotada a R$ 5,487, o menor patamar de fechamento de 2025. Desde janeiro, a divisa acumula desvalorização de 10,34% no ano e de 3,13% apenas neste mês.
Durante a sessão, a cotação chegou à mínima de R$ 5,485 por volta das 16h58, influenciada pelo cenário externo mais ameno e pela maior disposição dos investidores ao risco. A trégua parcial no conflito entre Irã e Israel, somada à queda nos preços do petróleo, ajudou a enfraquecer o dólar globalmente.
Alta na Bolsa e apetite por risco no exterior impulsionam o real
O Ibovespa acompanhou o clima positivo e fechou com valorização de 1,48%, aos 139.255 pontos, com apenas sete papéis no vermelho. A recuperação foi puxada pelo otimismo nas bolsas internacionais — especialmente nos EUA, Europa e Ásia — e pela expectativa em torno das decisões dos principais bancos centrais, como o Fed e o Banco Central do Brasil.
Nos últimos dias, os mercados globais vêm acompanhando atentamente o desenrolar da ofensiva aérea entre Israel e Irã, que já contabiliza 224 mortos no Irã e 22 em Israel. Em contextos de tensão geopolítica, o dólar tende a se valorizar como ativo de segurança, o que chegou a ocorrer na sexta-feira (13), quando o índice DXY subiu 0,26% e o dólar avançou frente a várias moedas.
Contudo, nesta segunda, o movimento foi o oposto. As sinalizações de que o conflito pode não se intensificar, somadas à ausência de impactos diretos nas instalações de petróleo, acalmaram os investidores. Como resultado, o dólar perdeu força frente a moedas emergentes como o peso mexicano e o real brasileiro.
Petróleo recua e ações da Petrobras oscilam
Após forte alta na última sexta — quando o Brent disparou 7,76% e o WTI, 7,94% — os preços do petróleo inverteram o movimento. Nesta segunda, por volta das 16h10, os contratos para agosto do Brent caíam 1,82%, e os do WTI recuavam 2,47%. O motivo principal é a percepção de que as hostilidades no Oriente Médio não afetaram a produção e exportação de petróleo.
Na B3, as ações da Petrobras oscilaram: PETR3 subiu 0,22%, enquanto PETR4 recuou 0,39%.
Mercados globais em alta; otimismo se espalha
As bolsas asiáticas fecharam o dia em território positivo: o índice CSI300 subiu 0,25%, o SSEC (Xangai) avançou 0,35% e o Hang Seng (Hong Kong), 0,7%. Na Europa, o índice STOXX 600 ganhou 0,36%, interrompendo uma sequência de cinco quedas, impulsionado principalmente pelo setor bancário, que avançou 1,9%.
Nos Estados Unidos, os principais índices também subiram:
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Dow Jones: +0,64% (42.768 pontos)
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S&P 500: +0,95% (6.033 pontos)
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Nasdaq: +1,40% (19.678 pontos)
Trump, Irã e incertezas comerciais no radar
As tensões entre Washington e Teerã seguem sem avanços concretos. O ex-presidente Donald Trump afirmou que “ainda há tempo para evitar novos massacres”, em referência à escalada militar no Oriente Médio. Ao mesmo tempo, crescem as dúvidas sobre o andamento das negociações comerciais dos EUA com Japão e União Europeia, cujo prazo final estabelecido por Trump expira em três semanas.
Para analistas, o medo de tarifas punitivas e a incerteza na política econômica americana contribuem para um menor apetite por ativos dos EUA — o que, por consequência, enfraquece o dólar.
“As tensões geopolíticas vêm oferecendo pouco suporte à moeda americana, refletindo a desconfiança persistente do mercado em seu status de ‘porto seguro’”, destacou Eduardo Moutinho, do Ebury Bank.
Expectativa por decisões de juros do Fed e do Copom
Investidores também se preparam para uma semana decisiva na política monetária. O Federal Reserve anuncia sua decisão sobre os juros na quarta-feira (18), com expectativa majoritária de manutenção. Já no Brasil, o Copom define a nova taxa Selic entre os dias 17 e 18.
Segundo dados da LSEG, o mercado aposta em 68% de chance de os juros permanecerem em 14,75% ao ano e 32% de chance de um aumento de 0,25 ponto percentual. Para analistas, a inflação ainda pressionada e o cenário fiscal instável deixam o comitê em alerta.
“Não há consenso se o Copom manterá os juros ou aplicará um último ajuste”, afirmou Diego Costa, da B&T XP. “A inflação preocupa e a incerteza fiscal voltou ao centro do debate.”
Atividade econômica surpreende e inflação desacelera
O IBC-Br (prévia do PIB) apontou crescimento de 0,2% em abril — acima da expectativa de 0,1%. O Boletim Focus, por sua vez, trouxe melhora nas projeções:
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Inflação 2025: de 5,44% para 5,25%
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PIB 2025: de 2,18% para 2,2%
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Dólar: de R$ 5,80 para R$ 5,77
O IPCA projetado para os anos seguintes permanece estável: 4,5% (2026), 4% (2027) e 3,85% (2028). Esta foi a maior queda semanal nas expectativas de inflação em 2025, e a terceira seguida.