Irã desmente Trump e nega cessar-fogo com Israel: tensão continua no Oriente Médio

O chanceler do Irã, Abbas Araghchi, durante entrevista coletiva em Istambul, na Turquia - Ozan Kose - 22.jun.25/AFP

Enquanto Donald Trump anuncia o fim da guerra, chanceler iraniano afirma que não há acordo oficial de trégua; Teerã promete retaliar “até o último minuto” os ataques israelenses

O suposto cessar-fogo entre Israel e Irã, anunciado com euforia pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi desmentido pelo chanceler iraniano Abbas Araghchi na noite desta segunda-feira (23). Em publicação oficial, o representante de Teerã afirmou que não existe qualquer acordo formal de suspensão de hostilidades, apesar da sinalização americana.

“Até o momento, não há acordo sobre cessar-fogo ou cessação de operações militares. No entanto, se o regime israelense encerrar sua agressão até as 4h (horário de Teerã), não pretendemos continuar nossa resposta após esse prazo”, declarou Araghchi em sua conta oficial na plataforma X (ex-Twitter).

A declaração ocorre horas após Trump divulgar na rede social Truth Social que Israel e Irã teriam concordado com uma trégua temporária de 24 horas, com início às 19h15 (horário de Brasília). Segundo o ex-presidente americano, o Irã interromperia os ataques por 12 horas, seguido por Israel, e ao fim desse período, a guerra seria considerada “encerrada”.

Irã promete seguir atacando “até o último minuto”

Contrariando o otimismo de Trump, o chanceler iraniano reforçou que a retaliação militar continuará até o fim do prazo estipulado por Teerã. Em seu comunicado, Abbas Araghchi exaltou o papel das Forças Armadas iranianas, afirmando que “punirão Israel por sua agressão até o último minuto”.

“As operações das nossas poderosas Forças Armadas continuaram até as 4h para responder aos ataques do inimigo. Junto ao povo iraniano, agradeço a coragem dos nossos militares, que estão prontos para defender o país até a última gota de sangue”, disse o ministro.

Bombardeios e ataques continuam intensos

Apesar das tentativas diplomáticas, a guerra entre Irã e Israel permanece em plena atividade. Nesta segunda-feira (23), Israel lançou bombardeios com “intensidade sem precedentes” sobre o coração de Teerã, atingindo pontos estratégicos como:

  • A sede da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC);

  • O quartel-general da Basij;

  • A Prisão de Evin, onde estão detidos opositores do regime;

  • O relógio da Destruição de Israel, na Praça Palestina;

  • E o centro de comando da segurança interna da IRGC.

Em resposta, o Irã executou sua 21ª operação com mísseis e drones suicidas desde o início do conflito, atingindo múltiplos alvos no território israelense, de norte a sul. Além disso, lançou mísseis contra a base americana de Al Udeid, no Catar, embora o Pentágono tenha afirmado que não houve feridos e que a maioria dos projéteis foi interceptada.

Escalada do conflito e participação de novos atores

No sábado (21), os Estados Unidos entraram oficialmente no conflito, atacando três instalações nucleares iranianas, o que provocou uma resposta imediata de Teerã. O próprio Trump classificou o contra-ataque iraniano como uma “resposta muito fraca”, alegando que 13 dos 14 mísseis lançados contra Al Udeid foram derrubados.

Enquanto isso, o Iêmen declarou apoio ao Irã, afirmando estar pronto para participar de ações militares contra navios americanos no Mar Vermelho, caso os EUA intensifiquem seu apoio a Israel.

Cessar-fogo em xeque

A fala de Trump, destacando que o “fim oficial da guerra de 12 dias será saudado pelo mundo”, contrasta diretamente com as movimentações militares em curso e a recusa iraniana em confirmar qualquer trégua definitiva.

“Durante cada cessar-fogo, o outro lado permanecerá pacífico e respeitoso”, escreveu Trump, agradecendo ainda ao Irã por “avisar com antecedência” sobre seus ataques, o que teria evitado perdas humanas.

No entanto, com a negação pública do chanceler iraniano e a continuidade das ofensivas, a chamada “guerra de 12 dias” ainda parece longe de um desfecho concreto.

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