
PECUARISTAS, representantes de associações rurais e executivos do agronegócio já fecharam posição nos bastidores: Jair Bolsonaro (PL) precisa anunciar, o quanto antes, que não disputará 2026. Na avaliação desse grupo, somente assim a direita conseguirá consolidar outro nome capaz de enfrentar Lula (PT) — e o favorito deles é Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador de São Paulo.
Conversas na Feicorte revelam estratégia
A exigência ganhou corpo na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), realizada em Presidente Prudente (SP). Bolsonaro compareceu ao lado de Tarcísio, mas o sentimento de boa parte dos ex-aliados ficou claro: insistir numa candidatura inviável até a última hora só enfraquece o campo conservador.
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Por quê agora?
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Eles lembram o caso de 2018: quando Lula ficou inelegível, Fernando Haddad foi oficializado às pressas e, mesmo assim, chegou ao segundo turno.
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Se Bolsonaro mantiver o suspense, nenhum sucessor terá tempo para se tornar conhecido do eleitorado.
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Quem está no tabuleiro da direita
Além de Tarcísio, outros quatro governadores orbitam a disputa: Ronaldo Caiado (União Brasil), Romeu Zema (Novo), Ratinho Junior (PSD) e Eduardo Leite (PSD). Entre os ruralistas, porém, eles enxergam Tarcísio como o único nome competitivo. Os demais poderiam compor a chapa — talvez como vice. Michele Bolsonaro também aparece como possível parceira de chapa.
“Se Bolsonaro não apoiar, não emplaca”
O ex-secretário de Assuntos Fundiários, Luiz Antônio Nabhan Garcia, resume o dilema:
“O candidato que o agro quer é Bolsonaro. Se ele permanecer inelegível, o apoio pessoal dele decide tudo.”
Ou seja, sem o “sinal verde” do ex-presidente, qualquer projeto eleitoral perde força.
O papel de Tarcísio
Embora esteja no primeiro mandato e pudesse buscar a reeleição em São Paulo, aliados afirmam que Tarcísio largaria o Palácio dos Bandeirantes se Bolsonaro o ungisse como sucessor. Durante a Feicorte, o governador reforçou a ligação com o ex-presidente:
“Presidente, sua missão não acabou. O senhor ainda fará a diferença.”
Uniões e resistências
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PSD: O partido de Gilberto Kassab abriga Ratinho e Leite, mas também integra a base de Tarcísio em SP.
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Direita fragmentada? Kassab relativiza: “No segundo turno, todos se encontram.”
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Agro, unido: segundo o secretário paulista de Agricultura, Guilherme Piai, “a direita mostrou unidade e tem projeto claro para 2026, com Bolsonaro como líder irrevogável”.
O relógio eleitoral corre
Enquanto Lula aparece, dia após dia, em atos de governo que soam como campanha antecipada, pecuaristas temem ficar sem palanque robusto. Para eles:
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Bolsonaro deve anunciar logo que não concorrerá.
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Tarcísio precisa ter tempo para percorrer o país, apresentar propostas e formar alianças.
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A chapa tem de nascer ainda em 2025, antes que a pulverização de nomes confunda o eleitor.
Caso contrário, advertem, a direita chegará dividida e atrasada. E isso, concluem, significa entregar a reeleição a Lula de bandeja.