Análise Política : Eduardo Braga não gostou da pré-candidatura de Marcos Rotta

Arte: Blog do Pávulo

Por JG

Nos bastidores fervilhantes da política amazonense, uma faísca acendeu o pavio de uma tensão mal resolvida: o senador Eduardo Braga não digeriu bem a pré-candidatura de Marcos Rotta ao Senado Federal. A movimentação, capitaneada pelo prefeito David Almeida e sustentada pelo Avante — partido que se tornou uma espécie de extensão política da prefeitura de Manaus —, caiu como um incômodo estratégico para os planos eleitorais de Braga.

O senador, com vasta experiência nos jogos palacianos, sabe que a política é feita de gestos, reciprocidades e territórios. E, neste caso, o gesto de David Almeida foi lido como afronta, a reciprocidade foi esquecida, e o território político de Braga, ameaçado.

Eduardo indicou seu aliado Jesus Alves à Secretaria Municipal de Habitação com um claro objetivo: criar sinergia entre as ações da prefeitura e os investimentos federais que o senador ajuda a articular — tudo isso com o propósito de turbinar sua própria campanha. No entanto, enquanto Braga articula em Brasília, o tabuleiro se move em Manaus por mãos que não mais se curvam à sua liderança.

Jesus Alves, por sua vez, é uma figura ambígua nesse xadrez. Concorreu a deputado estadual em 2022 com o respaldo do senador, mas sua atuação na campanha foi marcada por brechas de lealdade, e sua permanência no cargo municipal parece mais alinhada aos interesses locais do que à fidelidade ao padrinho político.

A pré-candidatura de Rotta representa, portanto, uma insubordinação política à velha lógica de comando de Braga, que ainda espera ser o centro gravitacional da política amazonense. O problema é que, em tempos de novos caciques e ambições emancipatórias, a liderança de outrora precisa se reinventar — ou aceitar o desgaste da própria influência.

Senadores, afinal, não vivem apenas dos bônus do poder; carregam também os ônus das frustrações, das traições e da inevitável perda de controle.

A eleição se aproxima. E os aliados de hoje, como se vê, são os dissidentes de amanhã. Eduardo Braga sabe disso — mas talvez ainda não tenha aceitado.