Clubes podem pagar até 10 vezes mais imposto nos EUA do que no Brasil durante o Mundial de 2025

Donald Trump e Gianni Infantino (Foto: Jim Watson/AFP)
Impostos nos EUA preocupam clubes que cederão atletas à Copa

O Mundial de Clubes da FIFA em 2025, programado para os Estados Unidos, promete ser um marco esportivo. No entanto, fora de campo, o torneio também pode se tornar um pesadelo fiscal para os clubes que cederem jogadores às seleções. Isso porque os EUA impõem uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo sobre rendimentos esportivos.

Nos Estados Unidos, os valores pagos pela FIFA como compensação pela cessão de jogadores às seleções podem sofrer retenções de até 30% em impostos federais e estaduais. Essa tributação, segundo autoridades locais, visa assegurar que parte da receita bilionária do futebol global seja revertida em arrecadação pública.

Clubes europeus e sul-americanos já reagem à possível mordida

Diante dessa realidade, clubes da Europa e da América do Sul têm demonstrado forte insatisfação. A FIFA planeja distribuir cerca de US$ 355 milhões em compensações aos times. No entanto, com até 30% retidos em impostos nos EUA, os clubes podem perder mais de US$ 100 milhões, comprometendo seus cofres e o equilíbrio financeiro da temporada.

Brasil: carga até 10 vezes menor

Enquanto isso, o cenário tributário no Brasil é bem diferente. Os clubes organizados como SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol) são taxados em apenas 5% da receita bruta nos primeiros cinco anos, percentual que cai para 4% após esse período. Esses valores já incluem todos os tributos federais, o que torna a carga nacional uma das mais leves do mundo.

Além disso, os clubes tradicionais organizados como associações sem fins lucrativos têm ainda mais benefícios. Com isenções totais de IRPJ, CSLL e COFINS, além de um INSS patronal limitado a 5% da receita, a carga tributária real gira em torno de 3% da receita bruta.

Abismo fiscal evidencia distorções globais

A disparidade chama a atenção. Enquanto os EUA se preparam para abocanhar até um terço das receitas destinadas aos clubes, o Brasil cobra, no máximo, um décimo desse percentual. O impacto desse abismo fiscal pode ser decisivo nas contas de grandes agremiações internacionais, principalmente em um torneio com visibilidade global.

Para os dirigentes, a matemática é clara: menos dinheiro na conta significa menos investimento em elencos, infraestrutura e base. A discussão agora é se a FIFA ou os próprios clubes conseguirão negociar isenções fiscais com o governo americano — o que, até aqui, não tem sinal verde.