Coluna de Opinião | Por JG
Amom Mandel surgiu como um sopro de novidade em meio ao mofo da política amazonense. Jovem, articulado, com aparência de bom moço e discurso ético, foi alçado ao posto de fenômeno nas redes sociais — um verdadeiro produto do marketing digital. Surfando nessa onda, elegeu-se vereador de Manaus com grande votação, embalado por promessas de moralidade e renovação.
Mas bastou conquistar a tribuna para que os arroubos começassem. Arrogante, muitas vezes teatral, usou o mandato como palanque permanente. A política de resultados ficou em segundo plano diante da necessidade constante de performance pública.
Não demorou muito para o menino saltar da Câmara Municipal de Manaus para a Câmara dos Deputados, em Brasília. E, como quem se deslumbra com o próprio reflexo, decidiu mirar mais alto: a Prefeitura de Manaus. Ambição não falta, mas maturidade parece escassa.
Antes de oficializar sua pretensão, Amom decidiu cutucar a Polícia Militar do Amazonas, alardeando a entrega de um suposto dossiê à Polícia Federal com denúncias graves contra um coronel da PM. A PF foi categórica: não recebeu documento algum. O menino, então, ficou nu diante do próprio blefe — uma jogada midiática que caiu por terra.
O Blog do Pávulo, cumprindo seu papel fiscalizador, cobrou explicações sobre o tal “Dossiê Gasparzinho”. Em vez de responder com transparência, Amom reagiu com autoritarismo: nos processou — uma tentativa clara de intimidar a imprensa independente que não se curva a narrativas envernizadas.
E como todo projeto de marketing mal conduzido, os primeiros a abandonar o barco foram justamente seus criadores. Os marqueteiros, que antes enxergavam um produto promissor, hoje evitam associar seu nome ao menino mimado.
O tempo da política digital parece ter dado lugar ao tempo analógico da realidade: é mais difícil encantar quando o filtro some e a gestão exige mais do que vídeos editados.
Enquanto isso, novas lideranças despontam — como o vereador Salazar, que vem ocupando espaço com solidez. Fica a pergunta: será que o menino sobrevive à próxima eleição? Ou o eleitor cansou da encenação?
O tempo, e o povo, dirão.