Manaus – AM: O comerciante Adeilson Duque Fonseca, acusado de agredir brutalmente o sambista Paulo Onça após uma briga de trânsito em Manaus, enfrenta nesta sexta-feira (30) a audiência de instrução do caso. O músico, de 63 anos, morreu na última segunda-feira (26), após mais de cinco meses internado em estado grave devido às agressões.
Com a morte do artista, a Justiça do Amazonas aditou a denúncia, e Adeilson agora responde pelo crime de homicídio qualificado. O processo tramita na Vara do Tribunal do Júri da capital.
Relembre o caso
A agressão ocorreu na madrugada de 5 de dezembro de 2024, na Rua Major Gabriel, bairro Praça 14, Zona Sul de Manaus. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o veículo dirigido por Paulo Onça avança o sinal vermelho, colidindo com o carro de Adeilson. Em seguida, o comerciante desce do automóvel e agride o sambista com violência, atingindo principalmente a cabeça, até deixá-lo inconsciente.
Após o ataque, o agressor fugiu sem prestar socorro. Paulo foi socorrido em estado gravíssimo, passou por cirurgia e permaneceu hospitalizado até falecer nesta semana.
Audiência de instrução avança com oitiva de testemunhas
A audiência desta sexta-feira está sendo conduzida pelo juiz Fábio Olintho de Souza. O Ministério Público do Amazonas (MPAM) é representado pelo promotor de Justiça Marcelo Bitarães. As oitivas ocorrem de forma híbrida: parte presencial e parte por videoconferência.
Já foram ouvidas as testemunhas de acusação indicadas pelo MP, além de duas testemunhas arroladas pela defesa do réu. A previsão é de que o interrogatório de Adeilson Fonseca também ocorra nesta primeira sessão.
Conforme o rito processual, após a finalização da oitiva de todas as testemunhas e do interrogatório do acusado, o magistrado abrirá prazo para a apresentação das alegações finais. Encerrada essa etapa, a Justiça decidirá se o réu será levado a júri popular.
Trajetória de Paulo Onça
Figura respeitada no samba, Paulo Onça compôs para a escola de samba Grande Rio e firmou parcerias musicais com ícones do gênero, como Jorge Aragão e Zeca Pagodinho. Sua morte causou grande comoção no meio artístico e cultural de Manaus, bem como entre fãs em todo o país.

O falecimento foi confirmado na tarde de segunda-feira (26), pelo advogado da família, à Rede Amazônica.
Investigação e prisão do acusado
Pouco após o crime, a Polícia Civil solicitou a prisão preventiva de Adeilson Duque, que foi decretada pela Justiça na noite de 7 de dezembro. Até então considerado foragido, o acusado se entregou voluntariamente no mesmo dia, no 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde permanece preso desde então.
O caso é considerado emblemático por envolver violência extrema após um episódio de trânsito, além de colocar em debate questões relacionadas à intolerância e à segurança pública em Manaus.
O processo segue em tramitação sob forte comoção pública e atenção da imprensa. Novos desdobramentos serão divulgados conforme o avanço das audiências e das decisões judiciais.