Que sirva de lição aos turistas caribenhos
Por JG
Em uma arena política marcada por escândalos, vaidades e disputas de poder, algumas figuras femininas deixaram de ser apenas coadjuvantes nas biografias de seus maridos para se tornarem protagonistas de tragédias políticas anunciadas. Nejmi Aziz, Edilene Melo e Elizabeth Valeiko são nomes que, para além do sobrenome herdado pelo casamento, ajudaram a enterrar legados e acelerar quedas.
Nejmi Aziz: do assistencialismo à operação da Polícia Federal
Ex-primeira-dama do Amazonas, Nejmi Aziz surfou a popularidade do marido Omar Aziz com ações assistencialistas e um protagonismo midiático quase institucional. Mas a imagem de benfeitora desmoronou com as investigações da Operação Maus Caminhos, que escancararam indícios de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo repasses milionários da saúde pública.

Nejmi foi presa preventivamente. O casal, que antes se apresentava como bastião da moralidade, passou a estampar manchetes sobre desvios e ostentação com dinheiro público. Omar sobreviveu politicamente, mas ferido — a confiança popular que o elegeu governador virou desconfiança. E Nejmi, de símbolo de força, virou peso.
Edilene Melo: a primeira-dama que não escapou da devassa
Quando José Melo assumiu o Governo do Amazonas, carregava o discurso técnico, de gestor discreto e eficiente. Edilene, sua esposa, também passou a influenciar nos bastidores. Mas a história tomou outro rumo com a Operação Estado de Emergência, também derivada da Maus Caminhos, que revelou um esquema de corrupção envolvendo recursos da saúde estadual.

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Edilene não apenas foi citada como envolvida diretamente nos negócios escusos, mas também acabou presa. José Melo, já com dificuldades de se firmar politicamente, foi cassado e preso. O governo caiu — e com ele, a reputação de um casal que passou da discrição ao escândalo em tempo recorde.
Elisabeth Valeiko: da elite manauara aos porões da investigação criminal
A trajetória de Elizabeth Valeiko, mãe de Alejandro Valeiko — enteado do então prefeito Arthur Virgílio Neto — se misturou a um dos episódios mais controversos da política recente de Manaus: o caso do assassinato do engenheiro Flávio Rodrigues.

As suspeitas de envolvimento do enteado e os desdobramentos do crime causaram grande desgaste à imagem de Arthur Neto. Elizabeth, ao tentar blindar o filho e manobrar nos bastidores, se viu também alvo de investigações. O caso, mal resolvido e politicamente tóxico, manchou os últimos anos da gestão de Arthur e sepultou qualquer tentativa de retomada de protagonismo político.
Quando a influência vira abismo
Em todos esses casos, as mulheres inicialmente desempenharam papéis de apoio, influência ou vitrine política. Mas acabaram sendo também os catalisadores de crises irreversíveis. A política brasileira tem muitos homens que afundaram sozinhos. Mas há casos em que as mulheres ao lado deles ajudaram a acelerar a queda — seja por ambição, imprudência ou por se envolverem em tramas onde o poder falava mais alto que o bom senso.
A história dessas três primeiras-damas é o espelho de como o poder mal administrado — e partilhado de forma equivocada — pode transformar alianças políticas e familiares em ruínas públicas.