Bolsonaro asfalta o caminho para justificar sua derrota em 2022

Prometeu provas de fraude no voto eletrônico, à falta delas disse que reunira indícios, por fim entregou antigas fake news

Se indício tivesse peso de prova, será que o presidente Jair Bolsonaro e seus três filhos Zero ainda estariam soltos? O pior é que nem indícios ele apresentou em duas horas de falatório ao vivo no Facebook sobre a suposta fragilidade do voto eletrônico.

Faz um ano e quatro meses que Bolsonaro disse pela primeira vez que sua eleição em 2018 fora fraudada. Sem fraude, segundo ele, teria vencido no primeiro turno. Com fraude, foi obrigado a disputar o segundo turno com Fernando Haddad (PT).

Por acaso ele dispunha de provas para sustentar tal afirmação? Bolsonaro respondeu que sim, e que no momento certo as apresentaria. Mais recentemente acrescentou que Dilma (PT) só derrotou Aécio (PSDB) em 2014 porque houve fraude.

Faltou coragem a Aécio para desmentir o presidente sem deixar margem para dúvida, mas ao seu partido, não. O PSDB e mais 10 partidos firmaram um pacto contra projeto bolsonarista em tramitação na Câmara que restabelece o voto impresso.

Se o projeto não for aprovado até o fim de setembro próximo, o voto eletrônico seguirá valendo. Não bastasse o fato de Bolsonaro saber que o projeto não passará no Congresso, ele ainda se vê premido pelo avanço de Lula sobre seus eleitores.

Daí a performance amadora, bizarra e autodestrutiva produzida por ele contra a opinião de muitos dos seus ministros, entre eles o senador Ciro Nogueira (PP-PI), o novo chefe da Casa Civil da Presidência da República e líder do Centrão.

Bolsonaro prepara o caminho para sair de cena no caso de se sentir derrotado de véspera. Poderá simplesmente não disputar a eleição ou disputá-la e dizer que lhe roubaram a vitória. O fantasma de não ir para o segundo turno é o que mais o assombra.