Bolsonaro concede passaporte diplomático a Edir Macedo, líder da Igreja Universal

O chanceler Ernesto Araújo concedeu, nesta segunda-feira (15), passaportes diplomáticos para Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da Record TV.

Ester Eunice Rangel Bezerra, esposa do bispo, também ganhou o documento.

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O novo passaporte dos Macedo terá duração de três anos e, segundo a portaria assinada pelo chanceler, “seu titular poderá desempenhar de maneira mais eficiente suas atividades em prol das comunidades brasileiras no exterior”.

Reprodução
Para que serve o documento?

Ter um passaporte diplomático facilita bastante o trânsito de seus portadores em aeroportos. Nestas áreas, não há necessidade de pegar fila, além de receber atendimento especial ao despachar bagagens. Em alguns países, é dispensada até a necessidade de visto.

Almoço com evangélicos

A relação entre o governo e evangélicos vem desde a campanha. O presidente Jair Bolsonaro participou de banquete organizado nea quinta-feira (11) pelo pastor Silas Malafaia, num hotel na Barra da Tijuca, vem do Oriente Médio.

Israel pode até ser tema indigesto para uma parte do governo que prefere não enervar países muçulmanos para não prejudicar a exportação de carnes à região. Mas não neste salão, onde a transferência da embaixada brasileira para Jerusalém é questão de honra.

Cabe a John Hagee, fundador da Cornerstone, uma megraigreja texana, e da Christians United for Israel, a maior organização cristã-sionista do mundo, o primeiro e mais longo discurso da tarde.

Prega o americano, com amparo de um pastor-tradutor: “A menina dos olhos de Deus precisa da nossa ajuda”. E corajosos, continua, são os políticos que entendem que “quando você começar a abençoar Israel de maneira prática, haverá uma explosão sobrenatural”.

Quem Hagee garante que lhe deu ouvidos: Donald Trump. O pastor esteve na Casa Branca em 2017 e, diz, repetiu as mesmas palavras para o presidente americano, um ser “gracioso, defensor apaixonado de Israel”.

Meses depois, Trump decretou a mudança do corpo diplomático dos EUA para a cidade dividida entre uma parte ocidental e outra oriental, reivindicada por palestinos como sua futura capital.

Por ora, Bolsonaro anunciou a criação de um escritório de representação comercial por ali, e manteve a embaixada em Tel Aviv. “Queremos cumprir esse compromisso, mas, como um bom casamento, tem que namorar, ficar noivo. Nesse caso a noiva me merece”, justificou após a fala de Hagee.

Creditando-se como amigo pessoal “de Bibi” (Binyamin Netanyahu, que acabou de assegurar seu quinto mandato como primeiro-ministro israelense), o evangelizador americano disse ver o Brasil como “a chave para a América Latina”. Eis que, “como um raio do céu”, veio Malafaia e o convidou para o Brasil. Gratidão.

“Minha vida é feita de muita coincidência”, diz Bolsonaro na sua vez de discursar. Ali estão reunidos personagens que o lembravam de passagens centrais em sua vida.

Malafaia, por exemplo, celebrou seu casamento com a primeira-dama Michelle, em 2013, numa cerimônia em que o noivo chorou ao trocar alianças ao som de “Jesus, Alegria dos Homens”, de Bach.

E Israel lhe é caro há ao menos três anos. Em 12 de maio de 2016, dia em que o Senado autorizou a abertura do processo de impeachment da petista Dilma Rousseff, Bolsonaro e filhos foram batizados nas águas do rio Jordão -onde diz a Bíblia que Jesus teria sido feito o mesmo. A imersão foi feita pelo Pastor Everaldo, presidente de seu partido à época, o PSC. “Tocou minha alma”, afirma Bolsonaro.

Com Folhapress