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Carlos da Costa agiu para beneficiar São Paulo, porque, ao prejudicar Manaus, o secretário agrada o governador João Dória
O secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos Da Costa, surpreendeu e aplicou um golpe na Zona Franca de Manaus em plena reunião do Conselho de Administração da Suframa (CAS). Isso ocorreu hoje.
Ignorando parecer técnico favorável da autarquia e os próprios conselheiros do colegiado, ele tirou de pauta um projeto de R$ 325 milhões da LG Electronics do Brasil Ltda.
Com a proposta, a quarta maior geradora de empregos da ZFM, com cerca de seis mil postos de trabalho diretos, pretendia abrir mais 68 vagas.
A própria Suframa já comemorava antes da reunião do CAS o investimento.
Até anunciava o incremento da empresa na fabricação de microcomputadores portáteis, monitores de vídeo com tela de LCD, unidades digitais de processamento de pequeno porte com monitores de vídeo e unidades de memórias montadas em um mesmo corpo ou gabinete.
O investimento no Polo Industrial de Manaus era o desdobramento da decisão da empresa de encerrar atividades de sua linha de produção em Taubaté (SP) e migrar para o Amazonas.
Isso depois que a sul-coreana encerrou sua produção global de smartfone.
O projeto da LG chegou a ser colocado na pauta, mas o secretário de Bolsonaro argumentou poderes para decidir sozinho sobre a questão e o colocou na gaveta, prometendo, no futuro, devolvê-lo à apreciação.
Assim sendo, foi a primeira vez que o presidente do CAS usou da prerrogativa prevista nas regras internas da Suframa.
Poucos empregos
Carlos da Costa argumentou que os empregos a serem abertos seriam poucos frente aos incentivos fiscais que a LG receberia.
Contrários
O representante do governo do Amazonas, Jorio de Albuquerque Veiga, secretário de Estado do Desenvolvimento, o presidente do Cieam, Wilson Périclo, e o presidente da Fieam, Antônio Silva, ainda tentaram reverter a decisão.
Mas o secretário de Bolsonaro impôs sua decisão.
Autoritário para beneficiar SP
Nos bastidores do CAS, conselheiros consideraram autoritária e política a decisão.
Para eles, Carlos da Costa agiu para beneficiar São Paulo, porque, ao prejudicar Manaus, o secretário agrada o governador João Dória.
Codam
A empresa LG anunciou no começo do mês ao governador Wilson Lima a ampliação da sua planta fabril em Manaus e amanhã consta na pauta do Conselho de Desenvolvimento do Amazonas (Codam) o mesmo projeto, hoje negado pelo CAS.