Bolsonaro enfrenta dificuldades para fechar alianças políticas

Com o fim da negociação com o Partido da República (PR), o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) parte para uma disputa complexa, até agora sem tempo de televisão e sem palanques de políticos tradicionais nos estados #Manaus #Amazonas

Com o fim da negociação com o Partido da República (PR), o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) parte para uma disputa complexa, até agora sem tempo de televisão e sem palanques de políticos tradicionais nos estados.

O anúncio do encerramento das tratativas com a legenda de Valdemar do Costa Neto foi feito ontem à tarde enquanto o pré-candidato do PSL participava de um encontro com produtores de bananas no interior de São Paulo, na cidade de Sete Barras.

Hoje, a expectativa é de que Bolsonaro anuncie o nome do general da reserva Augusto Heleno Ribeiro Pereira (PRP) como provável vice na chapa. Heleno disse que as negociações não foram fechadas em torno do seu nome.

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Com sete segundos de televisão, um dos principais objetivos do PSL, ao firmar a aliança com o PR, era conquistar mais tempo de televisão.

Com a grande bancada, o Partido da República agregaria 1 minuto e meio a mais de exposição de Bolsonaro na programação.

“O PSL teria que sacrificar candidatos próprios em favor de candidatos do PR, principalmente em estados como SP e RJ, e isso não valeria o tempo que ganharia com a aliança”, afirmou Major Olímpio (PSL-SP) ao Correio.

O deputado assegurou que não há mais negociações entre o partido de Costa Neto e o de Bolsonaro. “Está sepultada a aliança com o PR”, contou. Ele também sustentou que o vice de Jair será o general Heleno. “Não vamos formar alianças que coloquem circunstâncias contra os nossos princípios”, disse. Porém, o PRP ainda não confirmou que fará parte da chapa.

A quatro dias de oficializar a candidatura à presidência em convenção nacional, o PSL recusou exigências da legenda comandada por Costa Neto depois de a negociação se arrastar por semanas.

Agora, uma ala do PR, ligada ao empresário Josué Alencar (PR), filho de José Alencar, continua defendendo o apoio ao ex-presidente Lula; outra prefere dialogar com o centrão e pensa em Ciro Gomes (PDT). Geraldo Alckmin (PSDB) também não deixa de ser alternativa.

Nos últimos dias, várias reuniões de alinhamento têm sido feitas para tentar unificar o discurso do Partido Republicano. O líder do PR na Câmara, José Rocha (PR-BA), deve se encontrar com Costa Neto amanhã.

A reunião, mesmo que não tenha este objetivo central, vai discutir quem o partido vai apoiar na corrida eleitoral. “Estávamos caminhando muito bem para o Bolsonaro. Vamos esperar a Gleisi (Hoffmann) se reunir com Lula na quinta”, disse o líder ao Correio.

Especula-se que o partido de Costa Neto alie-se ao blocão formado por DEM, PP, PRB e SD, que flerta com o pedetista Gomes. Embora favorito de uma pequena parcela dentro do partido, o ex-governador cearense se mostra como uma alternativa viável ao PR, que não fechará mais com Bolsonaro.

Com as cartas sendo colocadas à mesa, o empresário da indústria têxtil e recém-filiado ao PR Josué Christiano Gomes da Silva, conhecido como Josué Alencar, foi um dos nomes mais resistentes a Bolsonaro. Taxado como um bom nome para vice do PT, partido no qual seu pai, José Alencar, esteve com Lula e como uma opção adequada à composição com Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, Josué espera o posicionamento do PR.

Divisão

Para Ricardo Ismael, cientista político e professor da PUC no Rio de Janeiro, há uma fragmentação dentro dos partidos brasileiros, e o PR tem seguido essa tendência. “O PR, ao mesmo tempo em que vê a força do Lula e pensa em apoiá-lo, seguiu a postura do senador Magno Malta quando pensou em fechar com Bolsonaro.

Na ausência de uma liderança forte dentro do partido, os filiados tendem a se dividir, o que traz o impasse”, analisa. Malta já foi cotado por Jair como vice em sua chapa, mas o parlamentar do Espírito Santo recuou e preferiu disputar uma vaga no Senado.

A indefinição tem sido uma das características do cenário pré-eleições, principalmente em relação aos partidos que não têm indicação para candidato à presidência. Ricardo Ismael credita a ausência de alianças precoces às negociações não concretizadas, ou seja, enquanto não se sabe o que vai ser oferecido, os tratados não são firmados.

“Se houver algum tipo de impasse, o partido pode caminhar até para a neutralidade. O Valdemar, com a expertise política que tem, não vai cometer o erro de comprometer a coesão interna”, explica o cientista político.

Fonte –Correio Braziliense