Nenhum ex-chefe do Executivo pesa tanto no orçamento federal quanto Jair Bolsonaro. Desde que deixou o Planalto, em janeiro de 2023, o ex-mandatário custa, em média, R$ 1,7 milhão por ano aos cofres da União — valor que o coloca no topo de um levantamento sobre despesas com ex-presidentes.
Quanto já saiu do Tesouro
De 2021 até junho de 2025, o Palácio do Planalto desembolsou R$ 35,5 milhões para bancar estrutura, viagens e salários de sete ex-presidentes vivos — incluindo o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no intervalo entre seus dois mandatos. A conta anual gira em torno de R$ 7,9 milhões, mas disparou para R$ 9,4 milhões em 2024, recorde da série.
Posição | Ex-presidente | Média anual* |
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1º | Jair Bolsonaro | R$ 1.697.635 |
2º | Dilma Rousseff | R$ 1.686.437 |
3º | Fernando Collor | R$ 1.646.236 |
4º | Lula (2011-22) | R$ 1.491.931 |
5º | Michel Temer | R$ 1.204.991 |
6º | José Sarney | R$ 951.325 |
7º | Fernando H. Cardoso | R$ 780.222 |
*Média calculada sobre o período em que cada um esteve fora do cargo, entre 2021 e 2025.
O que a lei garante
Pelo decreto 6.381/2008, cada ex-presidente recebe:
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6 assessores de confiança;
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2 motoristas;
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2 veículos oficiais com manutenção e combustível à custa do erário.
Esses servidores podem viajar, no Brasil e no exterior, com direito a passagens e diárias pagas pela Presidência — tudo justificado como “segurança e apoio pessoal”.
As cifras que cercam Bolsonaro
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Salários de assessores (2023-25): R$ 1,8 milhão
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Passagens nacionais do staff: R$ 1,1 milhão
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Diárias no exterior (EUA, 2023): R$ 649 mil
Logo após a derrota eleitoral, Bolsonaro passou três meses na Flórida. Mesmo fora do país, manteve a equipe custeada pelo contribuinte, elevando a fatura do seu primeiro ano como ex-presidente.
Tendência de alta
Embora 2025 apresente ritmo menor (R$ 3,6 milhões até junho), especialistas em contas públicas alertam: sem revisão de benefícios, a despesa tende a subir, pois todos os ex-chefes de Estado mantêm direito vitalício à estrutura.
Transparência e debate
Procurada, a assessoria de Jair Bolsonaro não se manifestou até o fechamento deste texto. O dado reforça a discussão sobre gasto público, privilégios e controle de despesas em tempos de ajuste fiscal.