Bolsonaro pediu ajuda ao Itamaraty para viabilizar cloroquina, diz Ernesto

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo fala na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado.A comissão investiga o uso do dinheiro federal que foi enviado para cidades e Estados, além de supostas omissões do governo federal no combate à pandemia. Sérgio Lima/Poder360 18.05.2021

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo disse à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, nesta 3ª feira (18.mai.2021), que o presidente Jair Bolsonaro pediu para que o Itamaraty viabilizasse uma ligação entre ele e o 1º ministro indiano para trazer insumos para a produção de cloroquina no Brasil.

“Quem foi o responsável pela decisão de buscar às pressas um remédio que fosse argumento contra o isolamento social em nome do bom fluxo comercial?”, perguntou o relator, Renan Calheiros (MDB-AL).

Em sua resposta, Ernesto disse que o pedido veio do Ministério da Saúde, à época comandado por Eduardo Pazuello. Depois, entretanto, declarou que Bolsonaro também teria pedido ajuda para o Itamaraty.

“Não foi exatamente um pedido para implementar esse pedido do Ministério da Saúde, mas o Presidente da República ele, em determinado momento, pediu que o Itamaraty viabilizasse um telefonema dele com o Primeiro Ministro.”

O ex-ministro disse que o pedido da Saúde era para recompor os estoques do remédio no sistema de saúde brasileiro. Ele ainda confirmou que um carregamento de 2 milhões de doses de cloroquina chegou ao Brasil em doação dos EUA. A iniciativa teria partido do país norte-americano.

OMAR CITA VAIDADE

As negativas de Ernesto a perguntas da CPI já haviam irritado o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), que o orientou a não mentir em seu depoimento.

Quando o ex-ministro foi questionado sobre sua atuação para liberar carregamentos do insumo para vacinas que ficaram presas na capital chinesa e que deveriam vir para o Brasil, Ernesto disse que enviou uma carta ao seu par no país asiático.

A resposta irritou mais uma vez o presidente da comissão, que declarou que o problema poderia ter sido resolvido mais rapidamente se o então chanceler se reunisse com o embaixador chinês em Brasília.

“Sabe por quê o senhor não conversou com ele? Por causa das declarações que o senhor deu, aí vem a vaidade, aí vem uma série de coisas que atrapalharam muito, ministro. É essa a grande angustia nossa, do lado, o senhor poderia ter chamado o embaixador.”

Em abril de 2020, Ernesto, publicou em seu blog pessoal, Metapolítica 17, um texto chamado “Chegou o comunavírus” em que afirma que comunistas irão implementar sua ideologia por meio de órgãos como a OMS (Organização Mundial da Saúde).

O ex-ministro questionava a eficácia da organização e afirmou que os comunistas pretendem utilizá-la como o 1º passo na construção de uma “dominação planetária”.

“O meu papel, se eu fosse no seu lugar, eu precisando eu iria a embaixada chinesa e pediria para ele na hora dá pra você ligar agora para uma autoridade chinesa para liberar isso, que era o seu papel nesse momento para salvar vidas”, afirmou Aziz.