Vídeos obtidos com exclusividade pela TV Globo mostraram policiais militares atirando em um sushiman pelas costas em um restaurante japonês no Itaim Bibi, área nobre de São Paulo, na semana passada.
Leandro Santana do Santos, de 26 anos, levou quatro tiros porque teria tido um surto e ameaçou esfaquear clientes e funcionários do local.
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Ele não resistiu aos ferimentos e morreu.
Os policiais alegam que agiram em legítima defesa. No entanto, a Polícia Civil e a Corregedoria da PM apuram se houve excessos ou erro para conter o rapaz.
O ouvidor da Polícia, Benedito Mariano, que teve acesso às imagens, diz que as cenas mostram “total despreparo” dos policiais no uso de armas não letais.
À TV Globo, Mariano diz que os oficiais “negligenciaram todos os procedimentos padrões da Polícia Militar, em especial o Método Giraldi. Necessidade: não havia necessidade do uso de arma de fogo. Proporcionalidade: usaram de força desproporcional nessa ocorrência. Oportunidade e qualidade: por não terem levado em conta os dois itens iniciais, eles, evidentemente, não avaliaram a oportunidade e qualidade da ação.”
Testemunhas disseram que 50 pessoas jantavam no Jam por volta das 23h de quarta-feira (21) quando Leandro segurou um colega que estava na cozinha e o ameaçou com uma faca. Após intervenção de colegas, o homem foi solto.
A PM foi acionada e chegou ao local. Nas imagens, é possível ver o sushiman correndo, segurando uma faca enquanto foge dos policiais. Em certo momento, Leandro pega outra faca e atira na direção dos PMs, que não são atingidos.
As cenas mostram ainda Leandro acuado e cercado por mais de dez policiais armados com equipamentos não-letais (balas de borracha e taser), além de armas de fogo (pistolas .40).
Nas imagens, ao menos quatro policiais reagem. A pouco mais de 2 metros de distância do rapaz, um deles dispara seis vezes com munição de borracha, mas não atinge o sushiman. Outro aparece tentando acertá-lo com o taser, mas erra. Em seguida, são feito cinco disparos com a arma .40 e Leandro cai ferido. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no Hospital das Clínicas.
O 15º Distrito Policial (DP) instaurou inquérito para apurar as causas e eventuais responsabilidades pela morte do sushiman. O boletim de ocorrência foi registrado como homicídio “decorrente de oposição à intervenção policial”, resistência e lesão corporal. Nesta quinta-feira (29), o delegado responsável pelo caso decretou sigilo do inquérito para não atrapalhar as investigações.
A esposa de Leandro, Emilene Pereira da Silva, disse que o marido não teve surto “porque não era louco”. Os dois tem uma filha de sete meses. Colegas do sushiman o classificaram apenas como uma pessoa quieta.
Os policiais envolvidos na ocorrência foram afastados preventivamente dos trabalhos nas ruas. O restaurante lamentou a morte do funcionário, que trabalharia havia sete anos no local. “Lamentamos profundamente a perda do colaborador Leandro e permanecemos solidários com a família, entes queridos e demais membros da equipe neste momento de muita dor. Que sua alma descanse em paz”.