Chacina do Ramal Água Branca; 16 PMs da Rocam vão a júri popular  

Manaus – AM: O MP-AM (Ministério Público do Amazonas) denunciou, no dia 8 deste mês, 16 policiais militares da Rocam (Ronda Cândido Mariano) pela morte de quatro pessoas – dois homens e duas mulheres – no Ramal Água Branca, na rodovia AM-010. O crime ocorreu em dezembro de 2022. O MP afirma que os PMs foram delatados. O caso tramita em sigilo.

Doze agentes estão presos no Batalhão da Polícia Militar do Amazonas, em Manaus, desde o dia 24 de dezembro, e outros quatro, desde o dia 17 de fevereiro. Eles são acusados das mortes de Diego Máximo Gemaque, de 33 anos, Lilian Daiane Máximo Gemaque, 31 anos, Alexandre do Nascimento Melo, 29 anos, e Valéria Pacheco da Silva, 22 anos.

De acordo com o MP, a denúncia, assinada pelos promotores de Justiça Armando Gurgel Maia, Clarissa Moraes Brito, Lilian Nara de Almeida e Marcelo de Salles Martins, é baseada em diligências e peças informativas produzidas pela Delegacia de Homicídios e Sequestros e também pela 61ª Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial.

O MP informou que os PMs foram delatados pelo crime de homicídio qualificado, que impossibilitada a defesa das vítimas, por quatro vezes, é considerada a multiplicidade. “Os promotores produziram a acusação com base em prova colhida nos autos, determinando a segura participação dos policiais e de suas respectivas equipes na prática criminosa”, disse o MP.

As investigações apontam que as vítimas, que estavam em um carro modelo Onix branco, foram abordadas pelos policiais na rua Portland, no bairro Nova Cidade, e, em seguida, levadas para o ramal Acará, na Avenida das Torres, onde policiais se reuniram para decidir como seria executada a chacina. A “rota final da morte” foi o ramal Água Branca, onde elas foram encontradas mortas.

Antes de serem presos, em fevereiro deste ano, quatro policiais militares ouvidos na condição de testemunhas relataram ter havido a reunião entre os agentes no ramal do Acará com a presença das quatro vítimas. Os investigadores concluíram que pelo menos uma delas era “carta marcada para execução” e as demais foram mortas como queima de arquivo.

Os policiais se tornaram suspeitos após a repercussão de vídeos gravados por moradores que mostram o momento em que eles fizeram a abordagem no veículo das vítimas na Rua Portland, no bairro Nova Cidade. Lilian e Luciana aparecem nas imagens encostadas na parede de uma casa enquanto os agentes vasculham o carro em que elas estavam.

Além disso, imagens do sistema de câmeras da SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública do Amazonas) registraram duas viaturas da Rocam escoltando o carro das vítimas na Avenida das Torres, em direção à zona norte. A terceira viatura também aparece nos vídeos meia hora depois trafegando na mesma direção.

Protesto

Na noite de terça-feira (21), familiares e amigos das vítimas da chacina do Ramal Água Branca promoveram protesto pela expulsão dos PMs. A manifestação ocorreu em um posto de combustível no cruzamento entre as avenidas Pedro Teixeira e Paxiúbas, bairro Dom Pedro, nas proximidades do Batalhão da Rocam.