Empresário é vice-presidente do Instituto Força Brasil, apontado como a organização responsável por apresentar representantes da Davatti ao Ministério da Saúde
A CPI da Pandemia tem em mãos documentos que indicariam uma atuação extensa do empresário Otavio Fakhoury em uma suposta rede de financiamento de disseminação de notícias falsas. O depoimento dele foi marcado para esta quinta-feira (30).
“Em documentos obtidos por esta CPI, o senhor Otávio Fakhoury foi identificado como o maior financiador dos canais de disseminação de notícias falsas, como o Instituto Força Brasil, Terça Livre e Brasil Paralelo. Esses canais estimularam o uso de tratamento precoce sem eficácia comprovada, aglomeração e diversas outras fake news sobre a pandemia”, ressaltou Randolfe.
O empresário é vice-presidente do Instituto Força Brasil, apontado em depoimentos e documentos da CPI como a organização responsável por apresentar representantes da Davatti ao Ministério da Saúde.
Ele também é presidente do PTB de São Paulo e aliado do ex-deputado federal Roberto Jefferson, preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes.
Troca de mensagens
Para a CPI, os depósitos e supostos favores financeiros são verificados a partir de trocas de mensagens obtidas pela comissão por meio de quebras de sigilo. Em uma delas, Fakhoury recebe um pedido de Allan dos Santos, responsável pelo canal Terça Livre, para arcar com os honorários do advogado do blogueiro. O pedido, segundo a CPI, foi atendido.
Ele também teria destinado recursos ao canal Brasil Paralelo e ao Instituto Força Brasil, organização que entrou na mira da CPI por divulgar notícias contrárias às medidas de restrição da pandemia. Um organograma revela que o instituto foi beneficiado com mais de R$ 310 mil.
Entre os envolvidos nas tratativas alvo da investigação está o Instituto Conservador Liberal, idealizado por um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A organização política teria recebido do empresário, em julho deste ano, R$ 65 mil.
Desde o ano passado, Fakhoury se tornou alvo também de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal, o das fake news e dos atos antidemocráticos. As fake news e seus impactos na pandemia estão entre as linhas de investigação da CPI da Pandemia, que irá reservar em seu relatório final um capítulo inteiro dedicado ao tema.
A assessoria de imprensa de Otávio Fakhoury afirmou que a resposta do empresário será dada no depoimento dele à CPI.
A Brasil Paralelo se manifestou em nota.
“As alegações do senador Randolfe Rodrigues sobre a Brasil Paralelo, em seu requerimento para convocação do Sr. Otávio Fakhoury para CPI, são falsas e não tem base em nenhum indício. A Brasil Paralelo jamais recebeu qualquer valor de dinheiro público, ou de qualquer “financiador” privado. O faturamento da empresa advém de seus mais de 250 mil assinantes, suas finanças são auditadas, e já foram amplamente divulgadas ao público. Sendo assim, o sr. Otávio Fakhoury não é investidor, e muito menos o principal investidor da Brasil Paralelo. Isso é uma mentira absoluta.”
O canal também enviou gráficos que mostrariam a evolução da base de assinantes e receita até dezembro de 2020. “Atualmente, o número de membros ativos é superior a 250 mil, e a receita estimada para 2021 é acima de R$ 60 milhões”, diz a empresa.
“Em relação à suposta disseminação de fake news, o senador Randolfe e outros políticos usam de sua imunidade parlamentar para despejar difamações, calúnias e injúrias sem qualquer tipo de prova contra a Brasil Paralelo. Somos uma empresa séria, que emprega 140 funcionários nas áreas de pesquisa, produção de conteúdo, tecnologia, comercial, marketing e administração empresarial. Não é a primeira vez que Randolfe Rodrigues faz acusações irresponsáveis contra a empresa. Em agosto, durante sessão desta mesma CPI, o parlamentar afirmou, também sem provas, que a Brasil Paralelo “fez campanha contra a máscara e contra a vacina”, e era uma “aliada do vírus”. O caso está sob análise de nosso departamento jurídico, que tomará as medidas cabíveis”, conclui a nota.