Depoimento de Cid incluiu golpe, vacina, joias e Abin

Ex-ajudante de ordens manteve versão de que não pode afirmar que Bolsonaro planejou um golpe; PF avalia ter fechado “pontos em aberto”

Durante mais de oito horas, a Polícia Federal (PF) interrogou Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), acerca das investigações do plano golpista, do escândalo das joias, do registro falso de vacina e da “Abin paralela”.

Segundo os agentes da PF, a meta principal da oitiva tinha sido abrigar pontos que estavam ambíguos ou abertos de oitivas anteriores do militar da ativa.

O longo depoimento foi empregado para “fechar os pontos que estavam em aberto” da investigação, conforme foi relatado pelos investigadores.

Agentes do investigação questionaram Cid se conhecia que o ex-presidente Jair Bolsonaro planejava um plano para manter-se no poder.

Segundo integrantes do PF, o militar, portanto, manteve a versão anterior, não podendo afirmar que o presidente então planejou um golpe, nem que foi discutida uma minuta de decretação de estado de defesa.

À PF, Cid disse que o ex-presidente se reuniu com generais após perder as eleições de outubro de 2022, mas negou ter participado do encontro em que o alto escalão das Forças Armadas teria debatido os termos da minuta de um golpe de Estado.

Mauro Cid também confirmou que Freire Gomes era contra a decretação de um estado de defesa, presente na chamada “minuta do golpe”.

O depoimento do militar corroborou outros já colhidos pela PF, como do ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, e do ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Baptista Junior.

A expectativa é de que Cid seja chamado novamente para depor nos próximos meses. Antes, a PF deve mandar comitiva aos Estados Unidos para tentar obter imagens e documentos na investigação do escândalo das joias.

Segundo relatos de investigadores, o depoimento de Cid foi satisfatório, e que o acordo de colaboração não está ameaçado, mas não se encerra colaboração de Cid nas investigações da PF. Ele é obrigado a colaborar até o fim do inquérito.