Elon Musk deixa governo dos EUA com críticas ao plano de gastos de Donald Trump

Donald Trump e Elon Musk, fotografados em março deste ano Foto: Reprodução

Washington (EUA) — Em seu último ato oficial antes de deixar a administração norte-americana, o bilionário Elon Musk, braço direito do presidente Donald Trump, criticou duramente o novo plano de gastos do republicano, apelidado de “uma grande e bonita lei”. A saída de Musk do governo já era aguardada, mas ganhou ainda mais repercussão após suas declarações públicas contra o projeto.

A decisão foi confirmada nesta quarta-feira (28), quando Musk anunciou o fim de seu período como Funcionário Especial do Governo. Ele ocupava um cargo estratégico no chamado Departamento de Eficiência do Governo (DOGE), responsável por cortar despesas públicas na esfera federal.

— Com o encerramento da minha função, agradeço ao presidente Trump pela oportunidade de reduzir gastos desnecessários. A missão do DOGE se fortalecerá com o tempo, tornando-se um modo de vida no governo — declarou Musk em publicação no X (antigo Twitter).

Polêmica no coração do governo

Embora sua saída estivesse prevista devido às regras que limitam esse tipo de cargo a 130 dias, o rompimento com Trump se intensificou nas últimas semanas. O motivo: a proposta do presidente, aprovada na Câmara e em análise no Senado, que prevê cortes de impostos e aumento de gastos em áreas polêmicas como imigração.

— Acho que um projeto de lei pode ser grande ou bonito, mas não sei se pode ser ambos — ironizou Musk em entrevista à CBS, na noite anterior à sua saída.

Em resposta, Trump tentou amenizar o embate:

— Não estou satisfeito com certos aspectos, mas estou entusiasmado com outros. Ainda há um longo caminho a percorrer — declarou o presidente a jornalistas na Casa Branca.

Resultados aquém do esperado

Musk ganhou força no governo logo após a eleição de Trump, assumindo protagonismo na estratégia de enxugamento da máquina pública. Sua gestão ficou marcada pelo controverso desmantelamento da Usaid, agência responsável pela ajuda externa dos EUA. Entretanto, a meta inicial de cortar US$ 1 trilhão do orçamento federal ficou longe de ser atingida: até maio, o DOGE havia reduzido apenas US$ 175 bilhões.

Além disso, Musk protagonizou batalhas internas e judiciais para ter acesso a sistemas sensíveis de dados, como o da Receita Federal americana (IRS) e da Seguridade Social, o que gerou forte resistência em diversos setores do governo e da sociedade civil.

Negócios afetados e desgaste político

Fora do ambiente político, Musk também viu suas empresas sofrerem impactos. As vendas da Tesla, sua montadora de veículos elétricos, despencaram especialmente na Europa, acentuando a crise pessoal e profissional.

Segundo apuração do portal Politico, Trump já sinalizava a aliados, desde o mês passado, que o ciclo de Musk na Casa Branca estava próximo do fim. O bilionário, que não recebia salário por sua atuação no governo, agora volta a se dedicar integralmente aos negócios.

Presença informal permanece?

Apesar do afastamento formal, assessores próximos ao presidente avaliam que Musk poderá manter uma influência significativa como conselheiro informal. A expectativa é que ele continue a frequentar a Casa Branca e a participar de discussões estratégicas, mesmo sem cargo oficial.

Este episódio marca mais um capítulo da relação intensa — e por vezes turbulenta — entre Elon Musk e Donald Trump, colocando em evidência o impacto das decisões políticas sobre negócios bilionários e o futuro da política econômica dos Estados Unidos.