Evento organizado por Eduardo Bolsonaro custou R$ 800 mil ao PSL

No mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro pediu prestação de constas do PSL para auditoria externa, o partido gastou aproximadamente R$ 800 mil com evento protagonizado por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP): a Conferência de Ação Política Conservadora, A CPAC Brasil.

A estimativa foi passada pelo vice-presidente do PSL, Antonio Rueda, nesta 6ª feira (11.out.2019), durante a realização em São Paulo. A informação foi divulgada pelo Uol.

A conferência, que dura até este sábado (12.out), é uma versão brasileira do “maior evento conservador do mundo” e foi organizado pelo filho do presidente.

Segundo o Uol, os custos foram pagos pela fundação Indigo (Instituto de Inovação e Governança), mantida pelo PSL, com o intuito de promover atividades educacionais, políticas e de formação de militância. Em 2018, a Indigo consumiu R$ 1,8 milhão em recursos do Fundo Partidário.

Hoje, Eduardo Bolsonaro participou da mesa de abertura do evento ao lado de Matt Schlapp, presidente da União Conservadora Americana, instituição que organiza a Cpac nos EUA desde 1973.

A presença do presidente da sigla, Luciano Bivar, chegou a ser divulgada pela organização do evento, mas ele não compareceu.

PEDIDO DE INFORMAÇÕES SOBRE USO DO DINHEIRO

Os advogados do presidente Jair Bolsonaro entraram com uma petição nesta 6ª feira (11.out) pedindo informações sobre uso do dinheiro da legenda dos últimos 5 anos “com o objetivo de tornar pública informações relevantes sobre as contas da agremiação, em homenagem ao princípio constitucional da transparência”. 

O prazo determinado, com base no Estatuto do partido, foi de 5 dias. Leia a íntegra da petição.

Na petição, os advogados afirmam que o Fundo Partidário estipulado para 2019 é de R$ 810 milhões, dos quais o PSL receberá aproximadamente R$ 110 milhões. “O valor é mais de 20 vezes o montante arrecadado pelo presidente Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018 (R$ 4,39 milhões)4 . No mesmo exercício o PSL arrecadou R$ 9 milhões do fundo eleitoral e R$ 9 milhões do fundo partidário”, diz o documento.

A CRISE NO PSL

A crise interna da sigla se agravou depois que Bolsonaro disse a 1 apoiador para “esquecer”o PSL, e que Bivar estava “queimado” na manhã de 3ª feira (8.out.2019).

Bivar é investigado pela PRE-PE (Procuradoria Regional Eleitoral de Pernambuco) por suspeitas de caixa 2 na campanha a deputado federal. Já o PSL está envolvido em outra investigação da PF (Polícia Federal) por candidaturas-laranjas em Minas Gerais.

No mesmo dia, 3ª feira (8.out), deputados do PSL jantaram com Luciano Bivar, num restaurante em Brasília. No dia seguinte, o presidente do PSL disse que Bolsonaro já estava afastado do partido. “A fala dele foi terminal, ele já está afastado. Não disse para esquecer o partido? Está esquecido”, disse à jornalista Andréia Sadi, daGlobo News. 

Em seguida, Bolsonaro disse que não pretendia deixar o PSL “de livre e espontânea vontade”.

Na 4ª feira (9.out), Bolsonaro reforçou que permaneceria na sigla, e que não havia crise no partido, apenas uma “briga de marido e mulher”. No mesmo dia, 1 grupo deputados da sigla buscou saída jurídica para deixar o PSL, caso o presidente tenha que sair do PSL.

Ainda na 4ª, 20 deputados do partido divulgaram nota conjunta em apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Não houve menção no texto sobre a eventual saída dos deputados do partido.

Apesar disso, o líder do Podermos na Câmara, deputado José Nelto (GO), informou, por meio do Twitter, que ainda em outubro 7 congressistas do PSL vão “migrar” para o Podemos.

Já na 5ª feira (11.out), Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) atacou o deputado Júnior Bozzella (PSL-SP) no Twitter depois saber do apoio do congressista ao ato do PSL de punir congressistas ligados ao presidente Jair Bolsonaro.

Bozzella concedeu uma entrevista ao G1. A reportagem diz que o comando do PSL punirá congressistas que tomarem atitudes consideradas infiéis à sigla. A decisão vem em meio ao embate entre Bolsonaro e Luciano Bivar, presidente do partido.

Ao comentar o assunto, Bozzella disse que as punições não configuram “perseguição política”, mas o partido “não é a República das Bananas”.

“Aqueles que atacarem o partido, obviamente, estarão sujeitos a algum tipo de punição. […] O partido é sério, é uma instituição e tem regra. Então, aquele que descumprir e atacar a imagem da instituição, automaticamente sofrerá algum tipo de punição, com certeza”, disse ao G1.