O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) voltou a ser preso na manhã desta terça-feira (19), desta vez em uma operação do Ministério Público do Paraná (MP-PR).
A prisão é preventiva, ou seja, por tempo indeterminado.
A suspeita contra o tucano é de corrupção, e ele foi preso no apartamento onde mora.
O G1 tenta contato com a defesa do ex-governador, mas, até o momento, as ligações não foram atendidas.
Esta é a terceira vez que Beto Richa é preso. A ação é um desdobramento da Operação Quadro Negro, de acordo com o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Curitiba, Leonir Batisti.
O empresário Jorge Atherino, apontado pelo MP-PR como operador financeiro de Beto Richa, e Ezequias Moreira, ex-secretário especial de Cerimonial e Relações Exteriores do Paraná, também foram presos.
Ezequias foi citado na colaboração premiada do empresário Eduardo Lopes de Souza. A delação afirma que o ex-secretário participou da arrecadação de dinheiro desviado da reforma e construção de escolas para a campanha de reeleição de Beto Richa para o governo do estado.
O Gaeco cumpre também mandados de busca e apreensão em imóveis da família Richa em Caiobá, no litoral do Paraná, e em Porto Belo (SC).
Denúncia do Gaeco
O Gaeco ofereceu na quarta-feira (13) denúncia contra o ex-governador, Fernanda Richa – esposa de Beto Richa –, Jorge Atherino e Ezequias Moreira por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da Operação Quadro Negro.
Até o momento, não há a informação se a Justiça aceitou a denúncia.
Salvo-conduto
Na sexta-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes concedeu um salvo-conduto para impedir que Beto Richa e familiares fossem presos.
No entanto, a decisão do STF se refere às investigações da 58ª fase da Operação Lava Jato, que prendeu Beto em 25 de janeiro.
Outras prisões
A última prisão de Beto Richa foi em janeiro, na 58ª fase da Operação Lava Jato. A investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) apurou supostos crimes na concessão de rodovias do Paraná.
Uma semana depois, o ex-governador foi solto, com decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha.
Já a primeira prisão foi em setembro do ano passado, também pelo Gaeco. A investigação do Gaeco era sobre o programa do governo estadual Patrulha do Campo, que faz a manutenção das estradas rurais.
Operação Quadro Negro
A Operação Quadro Negro encontrou indícios de desvios de dinheiro na construção de diversas escolas estaduais. Segundo as investigações, a Construtora Valor recebeu cerca de R$ 20 milhões pelos contratos firmados com o poder público, mas não entregou as obras.
Conforme o MP-PR um setor da Secretaria de Educação produzia relatórios fraudulentos sobre obras em escolas estaduais. Os relatórios informavam que as obras estavam em andamento adiantado, entretanto, em muitos casos, mal haviam saído do papel.
Com a fraude, a construtora Valor, recebia o valor pelos contratos sem que as obras fossem feitas ou concluídas. Eduardo Lopes, dono da construtora, é delator na operação. Eduardo Lopes contou como funcionava o esquema de desvios, revelando nomes de políticos que, segundo ele, se beneficiaram com o esquema.
Em delação, o ex-diretor da Secretaria de Educação, Maurício Fanini, afirmou que o dinheiro de propina pago pelo esquema abasteceu as campanhas de Beto Richa para a Prefeitura de Curitiba e para o Governo do Paraná, entre 2002 e 2015.
Fanini afirmou também que o dinheiro fraudulento custeou gastos pessoais do ex-governador, como viagens e a compra de um apartamento.