Ex-presidente do STJD é acionista de empresa vencedora de licitação da CBF

Eleito presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) após indicação da CBF durante a gestão Marco Polo Del Nero – banido pela Fifa do futebol por corrupção -, o advogado Caio Cesar Vieira Rocha, de 37 anos, é o acionista por trás do aporte de R$ 150 milhões que formou o capital social da BR Foot Mídia.

A empresa foi a vencedora de concorrência promovida pela confederação para venda dos direitos de transmissão internacionais e exploração da publicidade estática do Campeonato Brasileiro.

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Conforme a documentação da BR Foot Mídia na Junta Comercial do Estado de São Paulo, em ata de 7 de junho, é informado que “as ações ora emitidas foram totalmente subscritas nesta data, pelo acionista Caio Cesar Vieira Rocha e serão integralizadas no prazo de 24 meses”.

Rocha confirmou a informação, mas disse que sua participação como sócio principal é apenas momentânea. “Como advogado, fui encarregado de viabilizar uma forma adequada para transferir ações para a empresa. A BR Foot Mídia está sendo incorporada nesta semana a uma empresa americana chamada Futbol Holdings, que vai congregar todos os investidores e os sócios”, disse Rocha.

Segundo o advogado, um dos sócios investidores da Futbol Holding é a FanHero, empresa especialista no desenvolvimento de aplicativos com sede em Orlando.

Ela já trabalhou com o Vasco da Gama e atualmente tem negócios com o Orlando City.

“A FanHero é um parceiro técnico, operacional e financeiro. É um projeto pioneiro”, disse Humberto Farias, de 35 anos, sócio da empresa. “Quando se monta uma empresa, você precisa criar e constituir com um sócio brasileiro, para depois repassar adiante”, afirmou Rocha. Eleito presidente do STJD em 2014, após indicação da CBF, Rocha ficou no cargo até 2016. Ele entrou no tribunal em 2006 por influência de Fábio Koff, ex-presidente do Clube dos 13. No mesmo ano, conheceu Del Nero.

Ele é filho do ex-presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Cesar Asfor Rocha, citado pelo ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em delação premiada, como destinatário de propina de R$ 5 milhões paga pela construtora propineira Camargo Corrêa para barrar a Operação Castelo de Areia da Polícia Federal.

A ata que aponta Caio como acionista é do mesmo dia em que a Quasar Participações, que até essa data tinha capital de R$ 100,00 alterou seu nome para BR Foot Mídia. As mudanças foram deferidas pela Jucesp em 4 de julho.No mês anterior, dia 18 de junho, foi feito um contrato com a proposta de compra dos direitos de transmissão internacional do Brasileiro em nome da BR Foot Mídia e endereçado aos times e à CBF. A confederação diz que a documentação final, assinada pelas equipes, é de 16 de julho.

Apesar de o contrato estar no nome da BR Foot Mídia, a empresa que participou do processo e venceu a licitação era outra: a BR Newmedia. Nos registros da BR Newmedia na Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro (Jucerj), Rocha aparece como administrador e conselheiro de administração. A empresa virou uma sociedade anônima em 26 de abril, em meio ao processo de concorrência da CBF.

Apesar dos documentos, ele diz que não tinha envolvimento com a BR Newmedia. Apesar de a BR Newmedia, que participou do processo de concorrência, possuir um CNPJ diferente da BR Foot Mídia, que assina os contratos finais, a CBF não viu incoerência na licitação promovida por ela e entende que as empresas são do mesmo grupo, afirmou o secretário-geral da CBF, Walter Feldman.