Manaus – AM: O ex-vereador Radson Alves de Souza, de 42 anos, é um dos 12 presos na Operação Linhagem, deflagrada pela Polícia Federal na última quinta-feira (29), em Manaus. A ação investiga um poderoso esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, que envolve empresários, políticos e até policiais civis. Radson, que ficou em segundo lugar nas eleições municipais de 2024, por pouco não se elegeu prefeito de Tonantins, cidade localizada a 861 quilômetros da capital amazonense.
Segundo levantamento exclusivo da reportagem, Radson Souza, filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), obteve 11,78% dos votos válidos, mas foi derrotado por Sales, do Republicanos, que venceu com 55,22% da preferência popular. Apesar da derrota, Radson seguia atuante politicamente na região.

Entretanto, as investigações apontam que o político mantinha estreitos vínculos com o tráfico de drogas e supostamente articulava apoio entre setores da polícia civil, usando essas conexões como plataforma de influência política. Fontes ouvidas nos bastidores afirmam que Radson buscava alavancar sua candidatura com o respaldo desses grupos criminosos, estratégia que, ao final, não se concretizou.
Histórico de envolvimento com o tráfico
Essa não é a primeira vez que o nome de Radson Alves de Souza aparece associado ao crime organizado. Em novembro de 2016, ele foi preso pela Polícia Federal durante a Operação La Muralla, uma das maiores ofensivas contra o narcotráfico na região Norte. A ação mirou diretamente a facção criminosa Família do Norte (FDN), responsável pelo controle de rotas do tráfico internacional na tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia.
Na ocasião, foram cumpridos 127 mandados de prisão e 67 de busca e apreensão em municípios do Amazonas, incluindo Manaus, Tonantins e Tabatinga, além de cidades na Colômbia, Venezuela, Peru e Bolívia. Radson foi capturado em Tonantins, acusado de ser uma peça-chave no esquema logístico de transporte de drogas pela região amazônica.
De acordo com a Polícia Federal, o ex-vereador movimentava altas quantias em sua conta bancária, valores que seriam utilizados para o pagamento de cargas de entorpecentes.
Nova ofensiva da Polícia Federal
Agora, quase oito anos após sua primeira prisão, Radson volta a ser detido, desta vez na Operação Linhagem, que expõe o nexo perigoso entre política e crime organizado no Amazonas. A PF investiga a atuação de uma complexa rede criminosa que, além do tráfico de drogas, realiza lavagem de dinheiro em larga escala, utilizando empresas de fachada, campanhas políticas e servidores públicos para legitimar recursos ilícitos.
A prisão de Radson reacende o debate sobre a infiltração do crime organizado nas estruturas políticas do interior amazônico e a necessidade de maior fiscalização sobre candidaturas e financiamentos eleitorais.
Até o momento, a defesa de Radson não se pronunciou sobre o caso. A investigação segue em sigilo, mas novas fases da operação não estão descartadas.