Exonerações mostram possíveis vínculos de Arthur Neto com judiciário e MPAM

Laranjeiras News

MANAUS/AM – O prefeito de Manaus Arthur Neto (PSDB), está encerrando sua gestão, mas parece que vai terminar com mais um escândalo para conta.

Laranjeiras News fez uma análise dos nomes apresentados na lista de exonerações dos cargos comissionados publicados na edição 4984 do Diário Oficial do Município (DOM), na última sexta-feira (11).

O documento mostra nomeações um tanto suspeitas de pessoas ligadas a órgãos que deveriam fiscalizar ou repreender a gestão de Arthur, como o judiciário e o Ministério Público do Amazonas (MPAM). Mas não se limita somente a esses órgãos, nomes conhecidos da velha política e até ex-senadores podem ser encontrados na lista, assim como pessoas ligadas a empresários.

Como é o caso do ex-senador Jefferson Praia, que era suplente do senador Jefferson Peres (*18 de março de 1932 + 23 de maio de 2008), do PDT, e estava lotado no Conselho Municipal de Gestão Estratégica da Prefeitura ocupando o cargo de vice-presidente administrativo, assim como o ex-vereador Mário Frota, que não conseguiu se reeleger duas vezes consecutivas que, segundo o DOM, deveria exercer a função de Secretário Geral na mesma comissão, no entanto, segundo funcionários da prefeitura que revelaram à reportagem sob condição de anonimato, que ambos não eram vistos na prefeitura. O dois também seriam filiados ao PSDB, mesmo partido do prefeito. Mário Frota foi candidato nas eleições deste ano e não se desincompatibilizou do cargo público. Outros nomes da comissão que também são conhecidos são do advogado Félix Vaolis, Rodermark de Castelo Branco e José Fernando de Farias.

Empresários da comunicação também foram agraciados com nomeações suspeitas, como a da irmã de Otávio Raman, ex-dono da TV Em Tempo, hoje Norte TV, Ana Lucia Raman Neves da Costa e do irmão do empresário proprietário da TV e rádio Tiradentes, Ronaldo Tiradentes, Marcos Tiradentes, nos dois casos, funcionários da prefeitura não afirmaram com exatidão a frequência que ambos estavam no expediente.

Nomeações de pessoas ligadas ao judiciário podem indicar prevaricação (Foto: Reprodução)

Pessoas ligadas ao judiciário também tiveram espaço nos cargos comissionados da gestão tucana, como é o caso de Taiko Nakajima Fernandes, que  é esposa do juiz especial Junior Fernandes e cunhada do desembargador do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), Jomar Fernandes. Outro nome que aparece na lista é o de Gabriel Pascarelli, filho do desembargador Flávio Pascarelli, também do TJAM. Mais um que aparece é Lucas César José Figueiredo Bandeira, filho da desembargadora Graça Figueiredo (TJAM) e do juiz Cezar Bandeira. Elaine Gurgel do Amaral, irmã da juíza Eline Gurgel do Amaral que é esposa de Frank Marques Pinto, braço direito de Arthur Neto no Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), antigo Manaustrans.

Entre os juízes quem mais chama atenção é a nomeação do irmão do juiz Cássio Borges, Ramiz Wladimir Braga dos Santos Junior, como diretor executivo da Manaus Solidária. O juiz Cássio Borges emitiu decisão contra o Laranjeiras News para não divulgar o nome da ex-promotora de Justiça do Ministério Público do Amazonas e de seu irmão, após reportagem revelar suposto tráfico de influência entre o MPAM e a Prefeitura de Manaus, no âmbito das investigações da Operação Héstia, que investigava suposta lavagem de dinheiro e aumento patrimonial da primeira-dama Elisabeth Valeiko, e que foi misteriosamente brecado. O escândalo lhe rendeu a não permanência no cargo. Cássio saiu em defesa da ex-procuradora, mesmo sabendo que era uma decisão ilegal e arbitrária. Após ser acionado no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Cássio reverteu a decisão.

Independência do MPAM é colocada em dúvida com nomeações suspeitas (Foto: Divulgação)

Além do irmão, Luciano Mauro Nascimento Albuquerque, a ex-procuradora de justiça, Leda Mara Albuquerque, mantinha também o cunhado, Manuel Paulino da Costa Filho, que exercia a função de coordenador do gabinete pessoal de Arthur Neto. Manuel é irmão do ex-senador João Pedro (PT), casado com a ex-procuradora. O promotor, Fábio Monteiro, também mantinha seu irmão na estrutura da prefeitura. Yano René Monteiro era assessor técnico I, na Casa Civil da Prefeitura, mesmo local onde o irmão da ex-procuradora estava nomeado.

O Tribunal de Justiça e o Ministério Público foram contatados por e-mail, mas não responderam até o fechamento do texto. O espaço continua aberto para esclarecimento de todos os citados, lembrando que os nomes podem ser encontrados no Diário Oficial abaixo.

Veja o Diário Oficial na íntegra: