NOVO ARIPUANÃ (AM), 04.jul.2025 — Agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apreenderam nesta quarta-feira (2) uma escavadeira, 1,3 tonelada de cassiterita e centenas de litros de óleo diesel durante uma operação contra o garimpo ilegal dentro do Parque Nacional dos Campos Amazônicos, no sul do Amazonas.
A ofensiva, batizada de “Murus Viridis IV”, foi coordenada pelo Núcleo de Gestão Integrada (NGI) ICMBio Humaitá e teve como objetivo impedir a extração mineral clandestina em uma Unidade de Conservação de Proteção Integral. Apesar da destruição da estrutura garimpeira, ninguém foi preso durante a ação.
🔍 Apreensões feitas na área de garimpo
Durante a operação, os fiscais identificaram e inutilizaram vários equipamentos usados na atividade ilegal. A lista inclui:
-
1 escavadeira hidráulica
-
2 caixas separadoras
-
1 motosserra
-
3 barracos de apoio
-
4 motores bomba
-
1 motor gerador
-
1 balança eletrônica
-
600 litros de óleo diesel
-
1.300 kg de cassiterita
Além disso, os agentes destruíram estruturas montadas em meio à floresta para o suporte da operação criminosa.
🌱 Área protegida sofre reincidência
Essa foi a segunda operação em apenas três dias no Parque Nacional dos Campos Amazônicos. No domingo anterior (30), equipes do Ibama haviam desmontado uma frente de garimpo nos arredores de Manicoré, município vizinho.
As imagens de geoprocessamento revelaram a abertura recente de um novo ponto de extração, em uma área ainda bem preservada da floresta. Como resultado, os agentes conseguiram agir com rapidez e desmobilizar a operação antes de maiores danos ambientais.
O parque se estende por mais de 930 mil hectares e ocupa regiões do Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. Por ser uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, a legislação proíbe qualquer tipo de exploração econômica na área.
🚨 Operações contra garimpo aumentam no estado
Desde janeiro de 2025, órgãos ambientais e forças de segurança têm intensificado as ações de combate ao garimpo ilegal em diversos municípios do Amazonas.
Em fevereiro, por exemplo, a Polícia Federal descobriu quatro garimpos subterrâneos no município de Maués, incluindo um com 70 metros de profundidade. Ao investigar o local, os agentes encontraram 50 homens em situação análoga à escravidão, trabalhando em galerias escavadas sob a terra.
Entre abril e maio, outra ação destruiu 21 dragas no Vale do Javari, área próxima a comunidades indígenas isoladas.
No mês passado, uma operação desarticulou diversas frentes de garimpo na Terra Indígena Yanomami, localizada dentro do Parque Nacional do Pico da Neblina. Durante a ação, os fiscais aplicaram R$ 97.200,00 em multas ambientais.
🌍 Impacto socioambiental é crescente
Além da destruição ambiental, o avanço do garimpo ilegal representa uma ameaça direta à vida de povos indígenas e comunidades tradicionais. Segundo autoridades, o crime ambiental avança de forma estratégica sobre áreas protegidas, aproveitando a dificuldade de fiscalização em regiões remotas.
Embora as operações recentes tenham enfraquecido parte da estrutura logística dos garimpeiros, o comércio clandestino de minérios como cassiterita e ouro segue ativo, alimentado por redes criminosas e pela alta no mercado internacional.
Por isso, especialistas defendem que o combate ao garimpo ilegal precisa ser contínuo, integrado e com apoio das forças federais, a fim de garantir a proteção da floresta amazônica e de seus povos originários.
