IMMU vai torrar R$ 34 milhões por ônibus elétricos, pra quê?

Laranjeiras News

 

IMMU vai pagar R$ 34 milhões para empresa fantasma por ônibus elétricos
O despacho foi publicado na segunda-feira (30). Os indícios de irregularidades na empresa são fortes.

Manaus – AM: Aproveitando a onda de debates sobre o meio ambiente e modos de redução da poluição sonora e da atmosfera, o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), contratou a empresa Alicerce Projetos Sustentáveis para adquirir 10 unidades de ônibus elétricos à bateria e 2 unidades de ônibus elétricos do tipo articulado, além de estações de recarga para os veículos.

Conforme do despacho de homologação publicado na última segunda-feira (30) e assinado pelo diretor presidente do órgão, Paulos Henrique do Nascimento Martins, o valor do contrato é de mais de R$ 34 milhões, para atender as necessidades do IMMU.

A empresa Alicerce Projetos Sustentáveis, inscrita sob o CNPJ 00.697.357/0001-70, tem um capital social de R$ 4,5 milhões e fica localizada no conjunto manauara, no bairro Nossa Senhora das Graças, os proprietários são Railnilson de Oliveira Fragata, Mayra Cristina Queiroz Laan e Peterson Soares Câmara. De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, é nítido que as alterações na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) da empresa, foram feitas para fins de participar de licitações e contratos.

Em 1995 o CNPJ registava atividades de comércio varejista de equipamentos de informática, peças e acessórios, além de reparação e manutenção de máquinas eletroeletrônicas e seu nome era Geopac Comércio, Representações e serviços, com capital social de R$ 10 mil. Em 2010, quando houve sua terceira alteração, passou para serviços de comércio varejista especializado de equipamentos e suprimentos de informática; comércio varejista especializado de equipamentos e telefonia e comunicação; comercio varejista especializado de eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo. Em 2011 passou por mais uma alteração e seus serviços passaram a ser de comércio varejista de ferragens e ferramentas; comércio varejista de tintas e materiais para pintura; comercio varejista de material elétrico; comércio varejista de materiais hidráulicos; comércio varejista de cal, areia, pedra britada, tijolos e telhas.  Em 2015 passou por nova alteração e passou a prestar serviços de comércio de ferragens e ferramentas, nesse momento a empresa tinha um capital social de R$ 60 mil.

Já em 2016 passou por outras três alterações, sendo que nesse mesmo ano saiu de R$ 60 mil de capital social para R$ 3 milhões e logo depois para R$ 4,5 milhões, a atividade principal ainda era de comércio de ferragens. Posteriormente mais duas alterações em 2017, uma em 2018, até finalmente se tornar a Alicerce em 2021.

Reportagem do Laranjeiras News esteve no endereço cadastrado no CNPJ, não havia nenhuma fachada indicando que ali é uma empresa, nem placa, nem números de identificação, apenas uma casa em reformas e ninguém soube informar se ali funciona ou funcionaria a empresa, o que aponta para uma possível empresa fantasma. Também não foram encontrados endereços de eletrônicos de sites ou redes sociais.

Sede da empresa Alicerce que levou um contrato de R$ 34 milhões com a Prefeitura de Manaus (Foto: Reprodução/Laranjeiras News)

Atualmente a Alicerce Projetos Sustentáveis ostenta em seu CNAE vários serviços de diversos setores indo de arquitetura e engenharia, passando por comércio de roupas, serviços de encadernação, obras e urbanização, atacadista de frutas e verduras e chegando em comércio varejistas de equipamentos para escritório, transporte de passageiros, atividades de produção cinematográfica e educação infantil, dentre outros.

Laranjeiras News entrou em contato com a Prefeitura de Manaus para esclarecer sobre a aquisição e a razão pela qual o IMMU o fez, sendo que Manaus tem concessionárias do transporte coletivo que gerenciam o setor. Também questionou a responsabilidade sobre a manutenção e administração dos veículos, uma vez que a empresa contratada não tem garagem, ao menos ela não foi localizada. E também, que linhas e itinerários seriam beneficiados com o novo modo de transporte. Até o fechamento desse texto, não havia reposta.