
MANAUS — AM: O influenciador digital Agenor Tupinambá, conhecido nacionalmente como o “influenciador da capivara” após o caso da Filó, voltou a chamar atenção, mas desta vez por motivos controversos. Atualmente vivendo em uma fazenda no interior do Amazonas, Tupinambá, que protagonizou um embate judicial contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), tornou-se um dos rostos que divulgam a casa de apostas online Blaze, investigada por suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro.
Impulsionado nas redes sociais ao mostrar a convivência com Filó, uma capivara criada como “pet”, o influenciador construiu uma audiência robusta, superando 1,7 milhão de seguidores. Contudo, desde julho de 2023, seu conteúdo passou por uma transformação significativa: ele passou a divulgar regularmente a Blaze, plataforma envolvida em polêmicas e sob investigação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado.

Até maio de 2025, Tupinambá havia feito pelo menos dez publicações patrocinadas pela Blaze. Em todas, os comentários foram estrategicamente desativados, evidenciando a tentativa de evitar críticas públicas. “Diversão de verdade é só na Blaze, que joga junto com você. Jogue com responsabilidade. Lembrando que é para maiores de 18 anos e que a Blaze está 100% legalizada no Brasil”, escreveu o influenciador na última postagem, que segue fixada em seu perfil.

Entretanto, apesar da aparente legalidade, a plataforma figura no centro de uma investigação que apura práticas como fraude, não pagamento de prêmios e possível associação com organizações criminosas. Em novembro de 2024, a CPI das Bets aprovou a convocação de Miguel Duarte, consultor sênior de Marketing da Blaze, justamente pela gravidade das denúncias.
De acordo com o senador Izalci Lucas (PL-DF), autor do requerimento, “a Blaze está sob investigação por fraudes, incluindo a não realização de pagamentos aos apostadores. Além disso, enfrenta acusações de práticas que facilitam manipulação de resultados e lavagem de dinheiro”. A Justiça, inclusive, bloqueou mais de R$ 100 milhões da empresa.

Vale destacar que, embora a plataforma esteja sob suspeita, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pediu o arquivamento da investigação criminal, alegando que não foram encontrados elementos suficientes para configurar crimes como estelionato. O caso foi inicialmente conduzido pela Polícia Civil de São Paulo, após diversas denúncias de apostadores lesados.
Em meio à controvérsia, Tupinambá mantém o silêncio. Ao entrarem em contato com o influenciador para esclarecer detalhes sobre o contrato com a Blaze e os valores envolvidos, mas não obteve retorno.
Por fim, a trajetória de Agenor Tupinambá ilustra como figuras públicas, com forte apelo nas redes sociais, podem migrar rapidamente de causas ambientais para a promoção de setores polêmicos, como o das apostas online. Especialistas alertam para os riscos dessa associação, especialmente diante do papel dos influenciadores na popularização de plataformas envoltas em investigações e que podem expor seus seguidores a práticas abusivas.