Irã aprova fechamento do Estreito de Ormuz após ataque dos EUA e petróleo dispara

Navio passa pelo estreito de Ormuz — Foto: REUTERS/Hamad I Mohammed/File Photo

O Parlamento do Irã aprovou neste domingo (23/6) o fechamento do Estreito de Ormuz, uma das rotas marítimas mais estratégicas do planeta, após os ataques aéreos dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas. A informação foi divulgada pela mídia local e representa uma das medidas mais ousadas já tomadas por Teerã em meio à crescente escalada militar no Oriente Médio.

A decisão ainda depende do aval do Conselho Supremo de Segurança Nacional e da aprovação final do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, para entrar em vigor oficialmente. Se implementado, o bloqueio poderá interromper o trânsito de cerca de 30% de todo o petróleo comercializado globalmente.

💣 Retaliação direta aos EUA

O estreito, que separa o Irã de Omã, é patrulhado pela 5ª Frota da Marinha dos Estados Unidos, com base no Bahrein, e é considerado uma arteria vital do comércio internacional de energia. Segundo fontes iranianas, o fechamento é uma resposta direta aos bombardeios americanos, ordenados pelo presidente Donald Trump contra as centrais nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan.

Em meio ao conflito entre Israel e Irã, que já havia elevado os alertas na região, a nova movimentação de Teerã acende o sinal vermelho nos mercados e aumenta a pressão diplomática internacional.

📈 Petróleo em alta: mercados reagem

A perspectiva de bloqueio do Estreito de Ormuz provocou uma disparada nos preços do petróleo Brent e WTI. Confira os números:

  • Brent: de US$ 69,36 (12/6) para US$ 78,74 (19/6) – alta de 13,5%

  • WTI: de US$ 66,64 para US$ 73,88 – salto de 10,9%

Segundo analistas do JPMorgan, um fechamento prolongado do estreito poderia empurrar o preço do barril para a faixa de US$ 120 a US$ 130, refletindo um dos cenários mais críticos desde o início da guerra da Ucrânia.

🌍 Estreito de Ormuz: o gargalo do petróleo mundial

O Estreito de Ormuz é responsável por escoar cerca de 20% do petróleo consumido no mundo. Apenas entre 2022 e 2024, cerca de 18 a 21 milhões de barris diários passaram pela via, segundo a consultoria marítima Vortexa. A região é fundamental para exportações da OPEP, especialmente de países como Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque.

Estreito de Ormuz Arte: Reprodução

Além disso, o Catar, maior exportador global de gás natural liquefeito (GNL), utiliza quase que exclusivamente o estreito para transportar sua produção ao mercado global — principalmente para países asiáticos.

Mesmo com alternativas sendo estudadas por sauditas e emiradenses, a dependência de Ormuz ainda é gigantesca, tornando o fechamento uma ameaça global à estabilidade energética.

⚠️ Crise global à vista?

Apesar de já ter ameaçado bloquear o estreito em ocasiões anteriores, o Irã nunca chegou a efetivar a medida. Agora, no entanto, a situação é diferente: os ataques diretos dos EUA, somados à ofensiva israelense, colocaram a República Islâmica em rota de colisão com o Ocidente.

A reação iraniana ocorre em um momento em que o mercado global de energia já está tensionado, e qualquer interrupção em Ormuz pode gerar caos econômico mundial, inflacionando combustíveis, elevando custos logísticos e afetando diretamente o consumo em países dependentes da commodity.

🧭 E agora?

A decisão segue para o Conselho de Segurança Nacional do Irã e, depois, para o aiatolá Khamenei, que terá a palavra final sobre o bloqueio. Enquanto isso, as bolsas internacionais, navios petroleiros e os principais centros financeiros do mundo acompanham a movimentação com atenção redobrada.