Irã ataca Israel, promete retaliação a Trump e pede apoio a Putin

Equipes de emergência trabalham em um local atingido por um ataque de mísseis do Irã contra Israel, em Tel Aviv - Violeta Santos Moura/Reuters

Teerã – O Irã elevou drasticamente a tensão no Oriente Médio neste domingo (22) ao lançar uma nova ofensiva de mísseis balísticos contra Israel, como resposta imediata ao ataque dos Estados Unidos às suas instalações nucleares. Além disso, a teocracia persa prometeu um revide direto a Washington e anunciou que buscará apoio militar e diplomático junto ao presidente russo Vladimir Putin.

Segundo autoridades israelenses, o bombardeio iraniano envolveu ao menos 40 mísseis, que atingiram três regiões do país, incluindo áreas metropolitanas próximas a Tel Aviv. O ataque deixou pelo menos 23 feridos e foi considerado um dos mais intensos desde o início do conflito.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, declarou à imprensa estatal que “o Irã sempre defenderá seu solo e suas águas”. Já o chanceler Abbas Araghchi, em pronunciamento feito em Istambul, afirmou com veemência: “Esperem pela nossa resposta. Só depois da agressão cessar é que podemos falar de diplomacia”. Em seguida, Araghchi seguiu viagem para Moscou, onde se reunirá com Putin nesta segunda-feira (23).

🔥 Irã e EUA: à beira de uma guerra direta

O bombardeio americano, ordenado pelo presidente Donald Trump no sábado (21), destruiu três pontos estratégicos do programa nuclear iraniano: Fordow, Natanz e Isfahan. A ação foi realizada por bombardeiros stealth B-2, que partiram da base de Whiteman, no Missouri (EUA), e executaram a missão com apoio aéreo.

Em resposta, o Irã tem agora poucas opções. Capitular seria abrir mão de décadas de resistência à pressão ocidental. Apostar numa retaliação direta aos EUA é arriscado, sobretudo diante das ameaças explícitas de Trump, que prometeu “tragédia total” se houver novos ataques. A terceira via é intensificar ataques indiretos por meio de milícias aliadas, como os houthis do Iêmen e os grupos xiitas no Iraque.

💥 O fantasma do Estreito de Hormuz

Entre as alternativas mais arriscadas do Irã está o bloqueio do Estreito de Hormuz, rota por onde passa cerca de 30% do petróleo e 20% do gás natural liquefeito consumido globalmente. Tal medida causaria uma crise energética global, mas abriria espaço para retaliações severas de Washington e seus aliados.

⚛️ O estopim: programa nuclear iraniano

A origem da crise remonta a 2018, quando Trump abandonou o acordo nuclear com Teerã. Desde então, o Irã acelerou seu programa de enriquecimento de urânio. Especialistas indicam que o país já teria material suficiente para fabricar entre seis e quinze bombas nucleares. Israel, que vinha acompanhando de perto os avanços iranianos, decidiu agir mesmo sem o aval dos EUA, reabrindo o caminho para um confronto direto.

🕊️ Diplomacia em frangalhos

Trump tem evitado o discurso de “mudança de regime”, mas sugeriu a morte do líder supremo iraniano Ali Khamenei. Enquanto isso, seu aliado israelense Binyamin Netanyahu defende o colapso da teocracia como objetivo final. O desafio é manter a narrativa de que os EUA não estão entrando em uma nova guerra, em pleno ano eleitoral.

A Rússia, por sua vez, tenta equilibrar-se. Embora tenha condenado o ataque americano, dificilmente intervirá militarmente, já que sua prioridade estratégica permanece a guerra na Ucrânia. Ainda assim, Putin deve reafirmar o apoio diplomático e geopolítico ao Irã, já que perder os aiatolás significaria perder influência direta no Oriente Médio.

🌍 Uma nova escalada global?

O Oriente Médio vive seu momento mais instável em décadas. Com o colapso da diplomacia nuclear e a entrada dos EUA na guerra, cresce o temor de uma escalada sem precedentes, com impactos diretos nos mercados de energia, segurança global e equilíbrio de poder entre grandes potências.

A decisão do Irã, nas próximas horas, pode redefinir o futuro da região — e talvez o do mundo.