
O clima de tensão global se intensifica. Em resposta direta ao ultimato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou nesta quarta-feira (18) que Teerã não irá se render às ameaças norte-americanas, mesmo diante da escalada militar promovida por Israel desde a última sexta-feira (13).
A declaração, lida por um apresentador da TV estatal iraniana, marcou a primeira manifestação pública de Khamenei desde o início do novo ciclo de confrontos. Em tom desafiador, o líder afirmou que qualquer intervenção militar americana será acompanhada de “dano irreparável”, reforçando o discurso de resistência do país persa.
“Pessoas inteligentes que conhecem a história do Irã e sua nação jamais falam com ela em tom ameaçador. A nação iraniana não se renderá”, destacou o aiatolá.
A ausência física de Khamenei na transmissão chamou a atenção internacional, principalmente após Trump afirmar, de forma provocadora, que o líder religioso era “um alvo fácil” e que Washington sabia onde ele se escondia. Em tom quase irônico, o presidente americano disse que os EUA “não irão matá-lo por enquanto”.
Cresce a tensão geopolítica
A grande incógnita agora é o próximo passo de Washington. Até então, os EUA haviam atuado para conter os ânimos entre Irã e Israel, evitando que o conflito se transformasse em uma guerra regional. No entanto, o governo de Binyamin Netanyahu optou por agir de forma unilateral, desafiando o acordo nuclear de 2015 e mirando diretamente em infraestruturas militares iranianas e figuras-chave da liderança do regime xiita.
Entre os alvos prioritários, o nome de Khamenei surge como central, segundo o próprio premiê israelense e, de forma indireta, por Trump.
Rússia e Turquia reagem
O alerta vermelho também acendeu em Moscou. O vice-chanceler russo, Serguei Riabkov, afirmou que qualquer ação militar americana poderá desestabilizar todo o Oriente Médio, ampliando os riscos de uma guerra regional com consequências globais. Ele destacou que a Rússia continua aberta à mediação diplomática, inclusive oferecendo-se como depositária do urânio enriquecido do Irã.
Já na Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan defendeu o direito iraniano à autodefesa, embora sem indicar qualquer ação prática. Membro da Otan e aliado estratégico dos EUA, Erdogan utiliza o discurso como aceno à sua base islâmica conservadora.
Crise diplomática e risco de guerra
Enquanto os EUA reposicionam forças militares no Oriente Médio, cresce o temor de uma guerra de grandes proporções. O rompimento de negociações nucleares, a retórica bélica de ambos os lados e os interesses divergentes de potências como Rússia e Turquia tornam o cenário ainda mais imprevisível.
A movimentação diplomática nas próximas horas será decisiva para definir se o mundo assistirá a uma nova escalada militar — ou a um último esforço por uma solução política.