Israel mira destruir potências vizinhas, alerta Salem Nasser

Iranianas seguram a bandeira nacional do país durante as celebrações do 40º aniversário da Revolução Islâmica Imagem: AFP

Professor da FGV diz que ataque ao Irã confirma plano sionista‑colonial patrocinado pelos EUA

“Irã é a peça chave”

Para Salem Nasser, professor de Direito Internacional da FGV‑SP, Tel‑Aviv jamais aceitará conviver com outra força regional. “O projeto israelense só prospera se eliminar qualquer potência que o desafie”, resume. Segundo ele, o bombardeio de 12 de junho contra alvos nucleares iranianos não foi reação isolada. Fez parte de uma estratégia colonial e imperial que já destruiu Gaza, ameaça o Líbano e agora avança sobre Teerã.

Netanyahu precisa da guerra

Nasser lembra que, sem conflito, o premiê Benjamin Netanyahu perderá apoio interno e enfrentará investigações. “A única saída dele é empurrar a região para um confronto permanente.” O professor destaca que Israel atacou para forçar a entrada direta dos Estados Unidos, o que ocorreu dez dias depois, quando Washington lançou mísseis contra instalações iranianas.

Dependência de Washington

Apesar do arsenal sofisticado, Israel revelou fragilidade. “Sem suprimento de armas, diplomacia e dinheiro ocidental, o Exército israelense não venceria nem o Hamas”, afirma Nasser. Por isso, Tel‑Aviv age como “base militar avançada” dos EUA no Oriente Médio.

Escalada regional inevitável

Porém, ao atingir o Irã, Israel acendeu alerta em Turquia, Paquistão e outros atores. Todos perceberam que Tel‑Aviv atacará qualquer competidor. Esse movimento, avalia o professor, aproxima Rússia e China de Teerã. Além disso, as sanções nucleares discutidas pelo Ocidente podem empurrar o Irã para fora do Tratado de Não‑Proliferação, “preparando o terreno para uma guerra maior”.

Cobertura enviesada

Nasser critica a imprensa ocidental. “Veículos repetem que Israel defende a ordem, enquanto pintam o Irã como vilão teocrático.” Ele lembra que Tel‑Aviv nunca aderiu ao tratado antinuclear nem aceita inspeções da AIEA, mas, ainda assim, dita quem pode ou não ter tecnologia atômica.

Lições ignoradas
Salem Nasser. Foto: Arquivo pessoal.

Para o especialista, o mesmo roteiro utilizado em 2003 para justificar a invasão do Iraque se repete. “Naquela época, armas de destruição em massa nunca apareceram. Agora, usam suspeitas frágeis para legitimar um ataque prévio.”