Justiça Militar decide enviar ao STF investigação contra coronéis suspeitos de fazer carta golpista

Justiça Militar entendeu que a análise do caso cabe ao Supremo, onde já tramita o inquérito do golpe. Militares foram indiciados pelo Exército sob suspeita de criar documento para pressionar o comando em 2022.

A Justiça Militar decidiu enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação sobre quatro coronéis do Exército Brasileiro suspeitos de elaborar uma carta que pressionava o comando a aderir a um golpe de Estado após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.

Na prática, a Justiça Militar decidiu que não vai julgar os crimes militares supostamente praticados pelos oficiais militares. Para o juízo da 2ª Auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar (CJM), cabe ao STF analisar esses fatos.

A carta investigada, intitulada “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”, foi usada para pressionar o então comandante do Exército, general Freire Gomes, ( foto ) a aderir à tentativa de golpe, segundo as apurações.

Os suspeitos de elaborar a carta golpista são:

• Anderson Lima de Moura, coronel da ativa;

• Carlos Giovani Delevati Pasini, coronel da reserva;

• José Otávio Machado Rezo, coronel da reserva; e

• Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel da ativa.

O caso havia chegado à Justiça Militar depois que o próprio Exército abriu um inquérito para investigar a elaboração e a divulgação do documento por quatro coronéis — dois da ativa e dois da reserva.

Em outubro, o Exército concluiu o inquérito e indiciou três coronéis. O quarto havia conseguido uma decisão liminar (provisória) para suspender a investigação relacionada a ele.

O Exército apontou que os oficiais cometeram dois crimes previstos no Código Penal Militar:

• “publicar, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar” (com pena de 2 meses a 1 ano de prisão); e

• incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar (com pena de 2 a 4 anos de prisão).

O relatório do Exército foi remetido ao Ministério Público Militar para a eventual apresentação de denúncia, mas a Justiça Militar decidiu enviar o caso ao STF.

“A 2ª Procuradoria de Justiça Militar havia pedido quebra dos sigilos telefônico e telemático dos envolvidos, mas o juízo da 2ª Auditoria da 11ª CJM declinou da competência, em favor do Supremo Tribunal Federal”, informou o Ministério Público. Os detalhes estão sob sigilo.