Lobista investigado por CPI faz festa estrelada em Brasília

lobista Silvio Assis

Entre os convidados havia desde governador de estado a um ex-diretor da PF

Não faz um ano que o nome do lobista Silvio Assis surgiu na CPI da Covid como peça de uma trama suspeita que envolvia a tentativa de vender a vacina indiana Covaxin ao governo federal.

A negociação milionária acabou cancelada em razão da descoberta de uma série de irregularidades. Silvio Assis chegou a ser convocado para falar aos senadores, mas nunca foi ouvido.

O lobista é um personagem recorrente da crônica político-policial de Brasília. Antes de virar personagem do rolo da Covaxin, ele chegou a ser preso pela Polícia Federal em uma operação para investigar a venda de registros sindicais emitidos pelo governo.

Nada disso, porém, é suficiente para atrapalhar o bom trânsito dele entre poderosos da capital federal.

Na noite da última terça-feira, Silvio Assis recebeu dezenas de convidados para comemorar seus 56 anos. A festa foi na casa que ele usa como escritório, no Lago Sul, e contou com a presença de deputados, senadores e de outras figuras conhecidas da República.

Havia até um governador de estado, Carlos Moisés (Republicanos), de Santa Catarina. Entre os parlamentares, se destacava Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara e, assim como Silvio Assis, envolvido nas tramoias investigadas pela CPI.

Barros é amigo do peito do lobista. Quando o deputado comandou o Ministério da Saúde no governo de Michel Temer, Assis circulava com desenvoltura entre os gabinetes importantes da pasta e intermediava reuniões do ministro com empresários.

Na extensa lista de convivas, que se fartaram de paella e porco no rolete, estavam também a senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS) e representantes do Poder Judiciário.

“Ele (Assis) convidou muita gente, conhece muita gente. Eu só dei uma passadinha lá. Realmente havia muitas autoridades, de todas as vertentes”, disse a senadora.

Outro personagem que chamou atenção na festa foi Paulo Maiurino, delegado que até fevereiro deste ano foi diretor-geral da Polícia Federal — a mesma cujos agentes costumam esbarrar com certa frequência nas peripécias pouco republicanas do aniversariante.

Hoje, Maiurino comanda a Senad, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Os convescotes de Brasília têm de tudo — misturar paella e porco no rolete no cardápio é o de menos.