Lobista Zé Lopes às vésperas de celebrar acordo de delação premiada

Já na condição de citado e investigado em inquéritos policiais instaurados para apurar grandes esquemas de corrupção no Estado do Amazonas, o megaempresário José Lopes deve assinar acordo de delação premiada com o Ministério Público. Vive hoje sem alternativa e não há quem admita que possa segurar ou conter informações preciosas sobre os escândalos, sob pena de ver-se condenado de forma irremediável, em função de negócios celebrados com o poder.

Relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin já havia autorizado procedimentos investigatórios em que figura o senador Omar Aziz, do PSD/AM, ex-governador do Amazonas. O senador Eduardo Braga, que antecedeu Aziz no governo, recentemente ocupou lugar de destaque com ampla reportagem no Jornal Nacional da TV Globo. Antes ambos já tinham sido objeto de outras denúncias em telejornais da mesma emissora.

Há delações que informam que o empresário José Lopes, amigo bastante próximo do senador Aziz, passou a fazer os pedidos de pagamentos quando Omar Aziz assumiu o governo do Estado, sucedendo Eduardo Braga, do PMDB/AM, que atualmente ocupa cadeira no Senado e que foi líder do governo Dilma e ministro de Minas e Energia durante a administração da ex-presidente.

Duas empresas tiveram negócios de vulto no Amazonas, durante as gestões governamentais de Braga e Aziz, a Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa. A primeira toca o PROSAMIM – Programa de Saneamento dos Igarapés de Manaus e construiu a Arena da Amazônia, enquanto a segunda edificou a ponte sobre o Rio Negro, dois fantásticos elefantes brancos, projetos implantados sem a menor  justificativa ou sentido econômico, ao preço de alguns bilhões de reais, que poderiam atender muitas das urgentes prioridades do Município de Manaus e do Estado.

O indefectível e onisciente Lopes é um arquivo vivo de proporções fantásticas, fato que torna sua esperada delação uma bomba de muitos megatons, que certamente não deixará pedra sobre pedra. Por isso mesmo, há um corre-corre enorme entre os implicados, que farão tudo para evitar que o empresário fale tudo o que sabe à Justiça brasileira.