Mais de 2 ano de Impunidade: PF investiga empresa da ex-presidiária Nejmi Aziz

 Matéria original publicada em 17 de outubro de 2016, até a presente reina a impunidade 

Manaus – A Superintendência da Polícia Federal (PF) no Amazonas está investigando a ENE Empreendimentos e Participações, uma empresa registrada em nome de Nejmi Aziz, mulher do ex-governador do Amazonas, senador Omar Aziz (PSD), que não tem funcionários, com endereço que se confunde com o de uma escola, e que chamou a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) – órgão de inteligência do Ministério da Fazenda, por receber depósito de R$ 4,9 milhões numa movimentação considerada ‘atípica’ pelo órgão.

As informações foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo.

Segundo o relatório, a ENE, que tinha como endereço o Centro Educacional Carmina Dessana, possuía como procurador Celso de Oliveira Alves, um servidor público lotado, pelo menos até 2014, na Secretaria de Governo da Prefeitura de Manaus, onde receberia salário de R$ 13 mil brutos, mas, mesmo assim, depositou, pelo menos, R$ 998.100,00 na conta da empresa de Nejmi e efetuou compras de R$ 600 mil na Amsterdam Sauer Joalheiros Ltda., uma luxuosa joalheria especializada em diamantes e topázios, nos dias 26 e 27 de dezembro de 2013, no Rio de Janeiro. De acordo com o inquérito policial, a ENE e Celso de Oliveira foram relacionados em comunicações atípicas de prática de operações em espécie, realizadas entre janeiro de 2007 e fevereiro de 2014, que totalizam, aproximadamente, R$ 12,8 milhões.

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Documento mostra que a investigação é sobre movimentação atípica de milhões de reais

Segundo relatório do Coaf encaminhado à PF, a empresa indicou como origem dos R$ 4,9 milhões a venda de imóveis. Porém, surgiram dúvidas sobre as operações, que seriam “incompatíveis com o ramo de atividade”. Embora tivesse como endereço de residência um conjunto de apartamentos “para pessoas carentes, financiado pelo governo estadual” (Residencial Petrópolis, da Suhab), Celso de Oliveira Alves movimentou R$ 5,9 milhões entre saques e depósitos somente em 2013. Em busca na internet, Celso aparece, em dezembro de 2008, como membro da direção do PMN, partido ao qual era filiado Omar Aziz.

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Ainda segundo relatório do Coaf encaminhado à PF, Celso Oliveira Alves, atuou como “interveniente” da maior transação da ENE. Em fevereiro de 2014, a companhia recebeu R$ 4,9 milhões da empresa Civilcorp Incorporações, que na época tinha como sócio Albano Máximo Neto. A PF investiga a transação de seis lotes de terra, no valor de R$ 9 milhões, que foram recolhidos em espécie, pela Transportadora Prosegur, na empresa Civilcorp Incorporações, que tem como sócios Albano Máximo Neto e a Intec Instalações Ltda. Albano aparece como requerido em dois processo no Tribunal de Justiça do Amazonas, suspeito de fraude em licitação na desapropriação de um imóvel comprado, em 2003, pela empresa Columbia Engenharia, por R$ 400 mil e desapropriado, três meses depois, pelo Governo do Amazonas, por R$ 13 milhões.

A PF investiga, ainda, depósito na conta da ENE, de R$ 1 milhão, por outra procuradora de Nejmi, Maria do Socorro L. Nascimento, de venda de imóvel sem identificação do comprador. Dados no inquérito informam que Maria aparece como sacadora da conta da ENE, em 2009, de R$ 1 milhão, em quatro saques, entre outubro e novembro. Maria teve cargo de secretária executiva na Secretaria de Governo do Estado, em 2014, com salário bruto de R$ 10 mil e foi responsável pelo Comitê Financeiro do PMN, então partido de Omar Aziz, na eleição de 2010.

Diante das suspeitas, a PF está apurando se houve lavagem de dinheiro, bem como busca suspeita de crime anterior, a partir da movimentação atípica apresentada, além da ligação de pessoas com relações políticas e com histórico de processo de crime de fraude em licitação.

De acordo com documentos no inquérito, a ENE Empreendimentos e Participações Ltda. tem, pelo menos, 84 imóveis, entre terrenos na Ponta Negra (Chácara das Estrelas), no Condomínio Efigênio Sales, no Condomínio House Ville, no Loteamento Bourbon, em Foz do Iguaçu (PR), apartamentos em São Paulo (um de R$ 1,5 milhão no bairro Ibirapuera, e outro de R$ 400 mil, no bairro Indianápolis) e diversas salas em um prédio da Engeco, na Avenida Mário Ipiranga, em Manaus. O valor declarado de 58 do total dos imóveis soma R$ 14.047.836,61.