Manaus sitiada pelo crime organizado

Após morte de traficante, onda de incêndios e violência leva pânico a Manaus

Ao menos 16 ônibus e vários outros veículos, incluindo duas viaturas policiais, foram incendiados, entre a noite de sábado, 5, e a madrugada deste domingo, 6, em Manaus, capital do Amazonas. Uma agência bancária também foi alvo de ataque e incêndio no bairro Compensa 2. A onda de violência que atingiu também outras cidades, como Careiro e Parintins, foi atribuída à facção criminosa Comando Vermelho e teria sido represália pela morte de um traficante em confronto com a Polícia Militar.

Um prédio da prefeitura de Manaus também foi incendiado durante os ataques que teriam sido ordenados pela facção criminosa. O escritório da repartição e um trator que estavam no local foram queimados no bairro Compensa. Os vigilantes foram obrigados a deixar o local quando os criminosos chegaram, encapuzados e com galões de gasolina. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Manaus, quatro suspeitos de participar dos atos criminosos foram presos.

Os ataques acontecem no momento em que a capital do Amazonas já vive o drama das enchentes. No sábado, 5, o Rio Negro atingiu 30 metros no Porto de Manaus, o maior nível em 119 anos, desde que as medições começaram a ser feitas, segundo o Serviço Geológico do Brasil. O recorde anterior era de 2012, quando o rio atingiu 29,98 metros. Em todo o estado, mais de 400 mil pessoas foram atingidas pelas inundações.

Temendo novos ataques, a empresa responsável pelo transporte coletivo recolheu toda a frota, deixando a cidade sem ônibus. A empresa de coleta de lixo também suspendeu os serviços, depois que um caminhão coletor foi incendiado. A Secretaria da Segurança Pública de Manaus criou um comitê de crise e triplicou o policiamento nas ruas da capital.

Conforme o secretário, coronel Louismar Bonates, a onda de violência aconteceu em represália à morte do traficante Erick Batista Costa, conhecido como “Dadinho”. Ele foi morto na noite de sábado, em confronto com policiais da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), no bairro Redenção, em Manaus.

A ordem dos ataques teria partido de um presídio onde cumpre pena um irmão de “Dadinho”, conhecido como “Ton”. Os ônibus foram parados e incendiados, depois que os passageiros foram obrigados a descer. Automóveis, o caminhão coletor e uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também foram incendiados. Foram queimadas também uma viatura da Polícia Militar e outra da Polícia Civil.