Megaoperação contra corrupção mira policiais civis e militares

Delegado Rodrigo Santoro é um dos alvos da operação - Reprodução

Mais de 200 policiais participam da ação contra agentes envolvidos em organização criminosa, corrupção passiva e ativa e crime praticado por funcionário público

Rio – A Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança (Sinte), as corregedorias das polícias Civil e Militar e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), ligado ao Ministério Público Estadual (MPRJ), fazem uma megaoperação, na manhã desta quinta-feira.

A ação envolve mais de 200 policiais em vários bairros do Rio e o objetivo é cumprir 45 mandados de prisão: 23 policiais civis, sendo dois delegados;  sete policiais militares, um bombeiro militar, advogado e outras 12 pessoas. Até 8h, 28 pessoas tinham sido presas, sendo 16 policiais civis.

Os delegados Rodrigo Santoro e Thiago Luiz Martins da Silva estão foragidos, já que a polícia esteve na casa deles na Taquara e Tijuca, respectivamente, e não os encontraram. O chefe de cartório aposentado da Polícia Civil Delmo Fernando Batista Nunes foi preso na Barra da Tijuca.

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Segundo a denúncia, os alvos extorquiam quem cometia atividades criminosas e são acusados de organização criminosa, corrupção passiva e ativa e concussão (crime praticado por funcionário público quando ele exige vantagem indevida para si ou para outro). Também vão ser cumpridos sete mandados de busca e apreensão – sendo dois contra policiais civis, um contra agente penitenciário e quatro envolvendo outras pessoas.

Investigação

As investigações para a operação começaram há cerca de um ano a partir de informações de que agentes da segurança pública extorquiam pessoas que cometiam atividades ilícitas. Entre os alvos da quadrilha estava até presos, que conseguiam liberdade através do bando.

Ao longo das investigações foi descoberto que existiam várias células dentro da quadrilha. Uma era denominada “administração” e teria como líder o delegado Rodrigo Santoro e Delmo Fernandes Baptista Nunes, chefe do setor de investigações aposentado e que era seu braço direito. Outro delegado com influência no esquema e que exercia papel de importante na quadrilha seria o também delegado Thiago Luis Martins da Silva. Os presos estão sendo levados para a Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte

Como funcionava o esquema

Segundo o Ministério Público, o grupo estava reunido em torno de um objetivo comum: identificar pessoas que estivessem fora da lei, seu potencial econômico e fazer “operações policiais” contra elas, sempre com a intenção de flagra-las comentando algum tipo de crime ou irregularidades contra a administração pública.

Após isso, eles exigiam uma quantia muito alta em dinheiro para que os supostos infratores não fossem presos ou tivessem as mercadorias apreendidas, sofrendo sanções legais. Ainda de acordo com o MP, a quadrilha chegou a fazer ameaças e até agrediu fisicamente as vítimas. Eles também desviavam os materiais apreendidos para serem revendidos pela quadrilha.

A investigação identificou que qualquer pessoa — que praticasse algo ilegal — poderia ser vítima do bando. O MP identificou extorsão contra vendedores de mercadorias piratas, ambulantes, postos de gasolina, bingos, donos de veículos clonados e comerciantes em situação irregular.

O esquema também usava “informantes”, responsáveis por levar aos agentes denuncias sobre possíveis alvos envolvidos com ilícitos e que poderiam gerar os atos de extorsão ou concussão para recolher propina.