Desde que assumiu a presidência do PL Mulher, em março de 2023, Michelle Bolsonaro passou de ex-primeira-dama a principal aposta eleitoral do Partido Liberal. No entanto, sua ascensão meteórica, impulsionada por um orçamento mensal de R$ 860 mil aprovado por Valdemar Costa Neto, provocou revolta nos bastidores bolsonaristas.
Embora seja vista por Valdemar como carismática, popular entre evangélicos e politicamente mais “manejável” do que os filhos de Jair Bolsonaro, a estratégia não agradou a todos. Internamente, aliados próximos reclamam que nomes como Eduardo Bolsonaro foram deixados de lado, sem estrutura ou apoio semelhante.
Estrutura milionária e crescimento expressivo
Com o suporte financeiro robusto, o PL Mulher cresceu 14% em número de filiadas em apenas um ano, somando 995 mulheres ocupando cargos eletivos em todo o Brasil. A aposta na imagem de Michelle como símbolo feminino da direita rendeu frutos — ao menos em números. Ainda assim, o clima interno segue tenso.
Michelle, embora lidere pesquisas como principal nome da direita bolsonarista para 2026 — com 26% das intenções de voto contra 37% de Lula, segundo levantamentos recentes —, enfrenta resistência até de aliados históricos.
Aliados próximos se afastam: rejeição interna cresce
Nomes de peso do bolsonarismo demonstram desconfiança e rejeição à ex-primeira-dama. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, chegou a afirmar que preferiria votar em Lula a apoiar Michelle. Já Fábio Wajngarten, ex-chefe da comunicação da Presidência, declarou abertamente que não a apoia.
Além disso, nos corredores do PL, membros da legenda questionam o temperamento difícil, a inexperiência política e a pouca abertura de Michelle ao diálogo. Há quem afirme que sua escolha não se baseia em mérito político, mas sim na intenção de Valdemar manter o controle do partido em 2026, já que Bolsonaro está inelegível.
Silêncio estratégico e cenário para 2026
Até o momento, Michelle Bolsonaro não confirmou se será candidata à Presidência. Apesar das críticas, mantém postura discreta e evita rebater publicamente os ataques, o que muitos interpretam como movimento estratégico para preservar sua imagem.
Nos bastidores, o nome de Michelle continua sendo ventilado como possível cabeça de chapa ou candidata a vice, dependendo da composição política até as eleições. Contudo, o racha entre bolsonaristas e Valdemar pode ser um obstáculo real ao seu projeto eleitoral.