O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (4) a abertura de um novo inquérito contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A investigação vai apurar indícios de coação no curso do processo no qual ela já foi condenada, além de possível tentativa de obstrução de investigações sobre organização criminosa.
Segundo Moraes, as recentes declarações públicas da parlamentar, feitas em 3 de junho, indicam que sua fuga do Brasil não apenas buscou impedir a execução da pena, mas também visa “reiteração de condutas criminosas” ao disseminar desinformação, atacar instituições democráticas e tentar interferir no andamento de processos no STF.
Na decisão, o ministro ordenou que a Polícia Federal colha o depoimento de Zambelli em até dez dias, além de monitorar e preservar conteúdos publicados nas redes sociais dela e de pessoas do seu círculo que possam ter relação com o caso.
Como a deputada está fora do país, Moraes autorizou que os esclarecimentos sejam prestados por escrito, notificando-a inclusive por meio de endereços eletrônicos.
Além disso, o ministro determinou que o Banco Central apresente um relatório detalhado sobre todas as movimentações realizadas via Pix em nome de Zambelli nos últimos 30 dias, com identificação dos remetentes e valores.
Pouco antes dessa decisão, Moraes já havia solicitado ao presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, a convocação de uma sessão virtual extraordinária para esta sexta-feira (6), a fim de julgar os recursos apresentados pela defesa da deputada.
Zambelli foi condenada, por unanimidade, a 10 anos de prisão pela Primeira Turma do Supremo, acusada de comandar a invasão aos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
No mesmo dia, Moraes determinou a prisão preventiva da parlamentar, além do bloqueio de seus perfis em redes sociais — incluindo contas associadas a familiares e perfis falsos com o sobrenome da deputada.
O relator também comunicou oficialmente ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre a decisão da prisão. O ministro solicitou que a Casa tome as providências cabíveis, com destaque para o bloqueio imediato dos vencimentos e de quaisquer outras verbas destinadas a Zambelli e ao funcionamento de seu gabinete parlamentar.
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